A sorte pode ser caprichosa. Veja-se, por
exemplo, o que está aprontando na área econômica para a atual Presidente da
República. A despeito de seu empenho e vontade de acertar, as coisas não estão
saindo bem para ela.
Por outro
lado, o seu antecessor e criador, Luiz
Inácio Lula da Silva, se nunca deixou dúvidas sobre quem tinha as rédeas do
poder, em matéria econômico-financeira não passava a impressão de ocupar-se da
gestão do dia-a-dia. Se presidia e tomava as decisões cabíveis, ele sempre
tratou de dar responsabilidade ao
ministro da pasta, reservando-se a prerrogativa de cobrar-lhe por eventuais
erros e omissões. Assim, o presidente Lula, ainda que não a tivesse presente, aplicava às próprias funções presidenciais, a máxima de Talleyrand[1], “sobretudo, nunca zelo em excesso”. Por sua vez, Dilma parece continuar a ver-se como super-gestora, como o era após suceder em meados de junho de 2005, sob o látego do escândalo do mensalão, a José Dirceu na chefia da Casa Civil.
Por própria conveniência, Lula da Silva se servia de quem se encarregasse da Casa Civil como se fora um primeiro ministro. Nesse contexto, se compreende a menção de José Dirceu a ‘seu governo’. Sob as suas ordens, já Gleisi Hoffmann não terá tais ilusões. A Presidente Dilma, além de não delegar funções, costuma sufocar os seus ministros com a sua imperial presença.
Se as imagens da floresta tendem talvez a perder a antiga pertinência – dada a triste progressão do desmatamento e da crescente perda dos recursos naturais únicos no mundo – compreende-se ainda a referência de que sob as grandes árvores não costuma brotar muita vegetação. Pelo ativismo do temperamento, Dilma não dá muita autonomia ao primeiro escalão, contra o que trabalha um tanto contra o próprio interesse. Semelha preferir as mediocridades, que cuidam da casa sem muitas fumaças, do que a gestão afirmativa (do tipo, por exemplo, de José Serra quando Ministro da Saúde sob FHC).
Dilma Rousseff herdou Guido Mantega do padrinho Lula. Ora, a Fazenda é demasiado importante para que tal pasta venha a ser confundida com a chusma de tantas outras irrelevantes, nesse ridículo ministério que beira os quarenta.
Bafejados pelo favor presidencial, haveria no Ministério da Fazenda, segundo comentaristas de respeito, outras autoridades com acesso direto à Presidente. Nesse contexto, a velha máxima latina divide e impera pode ter os resultados que ora deparamos, em que a economia não vai bem.
Sozinho, na sala de imprensa do Ministério, o Ministro Mantega, uma vez mais, nos traz más notícias. O Pibinho continua a encolher – agora o incremento é de 0,9% - e a voz ministerial trai alguma debilidade, que paira no ar, sobretudo diante das antigas projeções, agora reduzidas a pó.
Salta aos olhos que não interessa a ninguém um ministro da Fazenda fraco. Sem embargo, a filosofia administrativa de Dilma Rousseff parece a contrario sensu estimular essa absurda situação.
Já no terceiro ano de mandato, são manifestos os problemas enfrentados por seu governo. Além da inflação, o pífio crescimento da economia – o mais baixo entre os BRICs e adeus ao efêmero sexto lugar – e o que é pior, a escolha equivocada do caminho para a sua ativação.
D. Dilma & Cia. bate na porta errada, tentando a mágica pelo lado do consumo – com as desonerações fiscais para as grandes montadoras estrangeiras, o assistencialismo e a elevação desmedida do salário mínimo (com os notórios reflexos em cadeia). Esquece os estímulos a investimento e poupança, a par dos incômodos efeitos da desnacionalização.
Drummond não está mais conosco, mas a sua pergunta persiste: E agora José ?
[1] Talleyrand-Périgord,
Charles Maurice, príncipe de Benevento, diplomata francês (1754-1838). Pela
habilidade política e pouca ética, ocupou cargos importantes no antigo regime monárquico,
no Diretório, sob Napoleão, sob os últimos Bourbons da Restauração, e no reino
de Luis Filipe.
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