segunda-feira, 18 de março de 2013

Cadáver de Chávez e Guerra Síria

                                    

Como explicar a perda do prazo

                  O cadáver de Hugo Chávez Frias não pode mais ser embalsamado. Na total falta de transparência que já cercara a enfermidade do caudilho, há dados confiáveis quanto à data de seu óbito ?
                  A resposta é um estentórico Não. Enfurnado em clinica cubana, encerrado no espaço estalinista, é impossível atribuir alguma confiabilidade aos dados de sua agonia e morte.
                  Pensando manipular o passamento do coronel Chávez, a hipótese mais provável desse comportamento é que Hugo Chávez haja expirado faz algum tempo. Pensaram então os sucessores  que lhes seria útil administrar o tempo, como se o poder lhes desse a faculdade de deslavadamente mentir sobre a data do falecimento.
                  Não é difícil imaginar que a sua herança política terá gerado tensões e enfrentamentos, e, por conseguinte, a possibilidade de dispor de mais tempo lhes pareceu irresistível.   
                   Nesse contexto, impressiona a capacidade de Nicolás Maduro de represar as próprias emoções, e de só dar-lhes vazão no instante da comunicação à nação da terrível nova da partida do señor presidente.
                   E, no entanto, ilustre passageiro, os plangentes companheiros do grande líder esqueceram detalhe importante: desde o antigo Egito, como nos ensina Heródoto, a mumificação tanto de plebeus quanto do faraó obedecia a regras imutáveis em termos de prazos.
                   O progresso da ciência que tem proporcionado ao povo a visão do grande condutor como se dormindo, só demanda  obediência ao decurso do tempo, antes que a decomposição do corpo feche a janela da relativa imortalidade.
                   Dessa maneira, a própria avidez dos diádocos na repartição da herança do caudilho, somada à congênita incompetência, explica esse especial vexame.

 
A Guerra Civil Síria: Terceiro Ano      


                  A luta entre o exército do ditador Bashar al-Assad e os rebeldes sírios se fragmenta em uma pluralidade de frentes. A Síria se transforma em verdadeiro quebra-cabeças, em que cada espaço é disputado entre o poder alauíta e a coligação revolucionária.
                   Em outras palavras, os embates espelham um foquismo que se estende por todo o país. Como a iniciativa é das forças revolucionárias, os pontos e localidades defendidas pelo exército de Assad não podem prescindir de barreiras de controle para o fornecimento de munição e víveres. E as vitórias da insurreição se assinalam pelo incrementalismo, com os ataques às barreiras do exército e das milícias pró-Assad, até causar o respectivo abandono.
               Aos poucos o exército sírio, que foi estruturado para enfrentar Israel e não guerrilheiros, vai perdendo o respectivo espaço, e com ele a capacidade de ser abastecido.
               Há áreas do território sírio como aquela colindante com o Iraque em que o trânsito das forças governamentais se precariza a olhos vistos. Ali impera a guerrilha sunita, que tem apoio no Iraque de contingentes da mesma fé.
               Se uma previsão quanto à margem de manobra de que ainda dispõe Bashar al-Assad é pelo menos problemática, pode-se afirmar duas coisas: encolhe o seu espaço de domínio territorial, e com isso fica mais dificultosa a provisão de armamento de parte do Irã  para o governo alauíta, assim como para o movimento do Hezbollah, que se empenha com denodo pela sustentação de Bashar. Terrível será para as forças do clérigo Hassan Nasrallah a perspectiva de que o aliado de Damasco venha no futuro – que não sabem se próximo ou não – desmoronar como as obsoletas implodidas construções que de repente desaparecem em poeira.
 

( Fonte subsidiária:  International Herald Tribune )

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