Como explicar a perda do prazo
O
cadáver de Hugo Chávez Frias não pode mais ser embalsamado. Na total falta de
transparência que já cercara a enfermidade do caudilho, há dados confiáveis
quanto à data de seu óbito ?
A resposta é um estentórico
Não. Enfurnado em clinica cubana, encerrado no espaço estalinista, é impossível
atribuir alguma confiabilidade aos dados de sua agonia e morte. Pensando manipular o passamento do coronel Chávez, a hipótese mais provável desse comportamento é que Hugo Chávez haja expirado faz algum tempo. Pensaram então os sucessores que lhes seria útil administrar o tempo, como se o poder lhes desse a faculdade de deslavadamente mentir sobre a data do falecimento.
Não é difícil imaginar que a sua herança política terá gerado tensões e enfrentamentos, e, por conseguinte, a possibilidade de dispor de mais tempo lhes pareceu irresistível.
Nesse contexto, impressiona a capacidade de Nicolás Maduro de represar as próprias emoções, e de só dar-lhes vazão no instante da comunicação à nação da terrível nova da partida do señor presidente.
E, no entanto, ilustre passageiro, os plangentes companheiros do grande líder esqueceram detalhe importante: desde o antigo Egito, como nos ensina Heródoto, a mumificação tanto de plebeus quanto do faraó obedecia a regras imutáveis em termos de prazos.
O progresso da ciência que tem proporcionado ao povo a visão do grande condutor como se dormindo, só demanda obediência ao decurso do tempo, antes que a decomposição do corpo feche a janela da relativa imortalidade.
Dessa maneira, a própria avidez dos diádocos na repartição da herança do caudilho, somada à congênita incompetência, explica esse especial vexame.
A luta
entre o exército do ditador Bashar al-Assad e os rebeldes sírios se fragmenta
em uma pluralidade de frentes. A Síria se transforma em verdadeiro
quebra-cabeças, em que cada espaço é disputado entre o poder alauíta e a
coligação revolucionária.
Em
outras palavras, os embates espelham um foquismo que se estende por todo o
país. Como a iniciativa é das forças revolucionárias, os pontos e localidades
defendidas pelo exército de Assad não podem prescindir de barreiras de controle
para o fornecimento de munição e víveres. E as vitórias da insurreição se
assinalam pelo incrementalismo, com os ataques às barreiras do exército e das
milícias pró-Assad, até causar o respectivo abandono. Aos poucos o exército sírio, que foi estruturado para enfrentar Israel e não guerrilheiros, vai perdendo o respectivo espaço, e com ele a capacidade de ser abastecido.
Há áreas do território sírio como aquela colindante com o Iraque em que o trânsito das forças governamentais se precariza a olhos vistos. Ali impera a guerrilha sunita, que tem apoio no Iraque de contingentes da mesma fé.
Se uma previsão quanto à margem de manobra de que ainda dispõe Bashar al-Assad é pelo menos problemática, pode-se afirmar duas coisas: encolhe o seu espaço de domínio territorial, e com isso fica mais dificultosa a provisão de armamento de parte do Irã para o governo alauíta, assim como para o movimento do Hezbollah, que se empenha com denodo pela sustentação de Bashar. Terrível será para as forças do clérigo Hassan Nasrallah a perspectiva de que o aliado de Damasco venha no futuro – que não sabem se próximo ou não – desmoronar como as obsoletas implodidas construções que de repente desaparecem em poeira.
( Fonte
subsidiária: International Herald
Tribune )
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