Os truques de Dilma
Não há como discordar da
avaliação da coluna de Miriam Leitão de hoje. O estelionato fiscal aparece por
toda parte: “aos poucos está sendo dilapidado o patrimônio da solidez fiscal do
país. Com truques contábeis, jeitinhos, mudanças de regras, invenções, (se)
está minando o que o Brasil levou duas décadas para construir: a base da
estabilização.”
O único reparo é atribuir a
responsabilidade ao Ministro Guido Mantega. São erros grandes demais para pôr
na conta desse ministro. Uma das consequências imediatas é que se tira a
credibilidade dos números das contas públicas.Seria preferível – como assinala a colunista – que o governo houvesse simplesmente admitido que em 2012 arrecadou menos do que previa e, por isso, não pôde cumprir a meta. Ao invés disso, através de malabarismos fiscais, o governo ‘fabrica’ dinheiro. Assim, autoriza o resgate antecipado de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano (isso corresponde a 81% de um dos fundos do FSB). Além disso, o BNDES pagou R$ 2,3bilhões e a Caixa R$ 4,7 bilhões, rotulando esse dinheiro como dividendo antecipado para o Tesouro.
Outro ataque à credibilidade do sistema está na mudança proposta à Lei da Responsabilidade Fiscal. Só falta ressuscitar a chamada conta movimento, o mais inflacionário dos mecanismos dos tempos do dragão. Assinale-se que as transferências para o BNDES aproximam-se de R$ 300 bi. Essas manobras começaram no segundo mandato de Lula, com as ditas capitalizações. Elas nascem como dívidas, viram empréstimo subsidiado, e depois dividendo antecipado para o Tesouro. É estarrecedor que se pretenda recorrer de novo a esse mecanismo, altamente inflacionário, que é uma emissão disfarçada, sem qualquer base fiscal.
No passado, o PT foi um dos mais vociferantes opositores do Plano Real e de todos os seus instrumentos, indo inclusive aos tribunais para tentar derrubá-lo. Naquela época, como oposição, se basearia pelo menos em argumentos de suposta boa fé. Mais tarde, com a vitória de Lula, apoiou o que se configurara como a vontade da maioria, fundado no bom senso e no inegável êxito do Plano Real.
Não nos iludamos, contudo. Negaças e disfarces não ocultarão a precípua responsabilidade de Dilma Rousseff. Trazer a inflação de volta é uma decisão irresponsável e catastrófica, decisão esta que vai muito além da escrivaninha do senhor Guido Mantega.
Pelo visto, se está
procedendo a uma espécie de atualização da revolução na Síria. De repente, se passa o número de baixas do
conflito de quarenta para sessenta mil. É um senhor pulo. Se não se pode
duvidar da extensão da matança, qual a
fonte da última contagem ?
Por outro lado, reaparece, pimpante, o
déspota Bashar al-Assad, depois de uma eclipse de seis meses. No seu discurso
deste domingo acusa inimigos estrangeiros de estarem por trás do banho de
sangue. Além de mostrar uma fisionomia
marcada pela provação dos dois últimos anos, continua a inculpar os terroristas
estrangeiros em alocução que, segundo o Secretário do Exterior britânico,
William Hague, vai além da hipocrisia.
Malala, a jovem vítima do Talibã
Malala Yousafzai, a jovem escolar atingida na cabeça
por um talibã a nove de outubro, há três meses atrás, teve alta nesta semana de
hospital do Reino Unido. No entanto, o seu sofrimento – por defender o direito
das meninas paquistanesas de irem para a escola – ainda não terminou.
Com grande parte da família
transladada para a Inglaterra, e com o seu tratamento pago pelo governo
paquistanês, Malala terá de ser operada daqui a quatro semanas em nova e
delicada cirurgia, desta feita para refazer o seu crânio (a bala assassina
arranhou o seu cérebro, e atravessou-lhe a cabeça antes de alojar-se no pescoço
da menina).Por diverso motivo, já mencionado neste blog, seis agentes sanitárias, durante a corrente semana, foram abatidas por militantes talibãs, por participarem de campanhas de vacinação contra a poliomielite.
Comício do al-Fatah em
Gaza
Há um processo de reaproximação entre o Fatah, movimento liderado pelo
Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud
Abbas, e o Hamas, que tem o
controle da Faixa de Gaza. Por primeira vez em cinco anos, o Hamas permitiu nos
seus domínios a realização de um grande comício do Fatah.
Centenas de milhares, de acordo com
a notícia e a respectiva fotografia, se reuniram pacificamente pela causa
palestina.Por sua continuada oposição ao movimento, e medidas que visam tentar inviabilizar o estabelecimento de um estado palestino, Bibi Netanyahu, o presente Primeiro Ministro de Israel, tem sido um dos promotores às avessas da causa.
Mahmoud Abbas – que há pouco logrou da Assembléia Geral das Nações Unidas o reconhecimento oficial da Palestina como Estado observador nas Nações Unidas (com o que provocou de parte israelense uma série de picuinhas) - estima que a cisão entre al-Fatah (movimento lançado por Yasser Arafat) e o Hamas terminará em breve. O que seria uma evolução positiva para o reforço da posição palestina em prol da consecução de seus direitos.
A visão pós-abismo fiscal
A falta de qualquer espírito reminiscente de união
nacional de parte da oposição republicana tem induzido a prognósticos nada
otimistas quanto às perspectivas das discussões sobre o estabelecimento de um
novo teto da dívida pública fiscal.
Se a dívida pública americana tem
sido motivo recorrente de inquietude de parte de autoridades estadunidenses – o
seu crescimento tenderia a debilitar a superpotência, torná-la mais suscetível
de ações inamistosas de parte de agentes adversos, assim como poderia induzi-la
a um certo recuo estratégico – o próximo embate entre de uma parte a Administração
Obama e de outra, o GOP, e notadamente o facciosismo na Câmara Baixa, não são
de molde à formulação de róseas previsões.Com a reeleição, no limite, do Speaker John Boehner enfraquecido pelas defecções motivadas pela fúria da facção Tea Party pela aprovação de mais impostos sobre aqueles coitados que percebem apenas mais de quatrocentos mil dólares anuais, será inoportuna qualquer menção a considerações de interesse nacional para esse agitado grupo majoritário.
Lixando-se literalmente para a causa maior de preservar o interesse nacional, a Câmara pretende valer-se dessa ocasião para extorquir do Presidente Obama substanciais concessões no campo de assistência previdenciária e médica. Os republicanos, repudiados pelos pobres (os 47% de que nos falou Mitt Romney) não se pejam de tratar dos interesses (respaldados em programas pluri-decenais) dessa faixa da população como se fora um campo de caça, onde direitos básicos são julgados como massa de manobra.
O partido democrata assim como pensadores liberais (v.g., Paul Krugman) alimentam temores de que a vitória do abismo fiscal tenha sido de Pirro, e que no próximo choque retorne o Barack Obama das desastrosas negociações de 2011, com concessões desmedidas, para gáudio da turba republicana. Em outras palavras, que essa recente vitória tenha sido aparente, e que sejam reais as perspectivas de que prepondere a direita na sua ação extorsiva.
Talvez a observação de Krugman tenha tido o intuito de provocar os brios do 44º presidente. No jogo tão americano do chicken (quem vai ceder primeiro) persistem apreensões de que Obama não seja exatamente um Harry Truman, disposto a criar o inferno (give them hell) para os adversários do GOP.
De minha parte, quero crer que o presidente tem dado até agora motivos sobejos para acreditar na sua redescoberta firmeza. O curso intensivo a que tem sido submetido em termos de baixarias do GOP – seja em matéria de campanha eleitoral, seja em questões politico-administrativas – não me parece de molde a induzi-lo a uma postura parecida com a de dezembro de 2010.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, International
Herald Tribune, CNN )
Um comentário:
OS TRUQUES DE DILMA:
Sempre tive dificuldade de entender as manobras no cenário econômico. Se as ações anunciadas de mexer no Fundo Soberano trarão, a posteriori, a inflação concordo que é uma irresponsabilidade da nossa Presidente. Seria muito mais transparente admitir que as metas não foram alcançadas.Parece que no cenário politico sempre é necessário mascarar algumas verdades.
MALALA, A JOVEM VÍTIMA DO TALIBÃ:
É estarrecedora a insistência da cegueira burra dos talibãs contra os direitos do cidadão.
COMICIO DO AL-FATAH EM GAZA:
Parece que bons ventos sopram na direção do Estado Palestino. Primeiro seu reconhecimento como Estado Observador e agora a possibilidade de se tornar mais forte com a coesão da facção de yasser Arafat e o Hamas.
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