A tragédia de
Santa Maria vai muito além do espaço confinado de uma boate. No dia seguinte,
ela se reflete nos jornalões e na imprensa internacional. Como se para
demonstrar que a cancela da morte – a despeito da estúpida ganância da tranca
dos seguranças - está escancarada, os
totais de cadáveres não batem.
Diante do
choro de Dilma e da face crispada do filho da terra e governador Tarso Genro,
os números continuam a subir: 231, 232 ou 233 ?Se os macabros totais diferem, não mudam as causas. Um coquetel maldito em que se misturam indiferença, leviandade, descaso e falta de fiscalização.
Tudo estava vencido na boate Kiss. Não era só o plano de prevenção e controle de incêndio que estava vencido. Que plano é este que não tem saída de emergência, e no qual o banheiro, por ser confundido como via de escape, se transforma em mais uma mortal armadilha ?
Que extintores são esses que não funcionam ?
Que lotações são essas, sem qualquer limite a não ser o da cobiça do estabelecimento ?
No Brasil, as desgraças são escalonadas por uma sorte madrasta, que joga com os traiçoeiros intervalos e as fiscalizações sempre ausentes.
Como nos informa a Folha, o incêndio mais letal no Brasil ocorreu no Gran Circo Americano,em 1961, em Niteroi, com 503 mortes. Mas aí estão o edifício Joelma, com 188 mortos, em 1974, as 21 mortes do edifício Andorinha, em 1986 e as 16 do edifício Andraus, em 1972.
Também a relação de incêndios em boates pelo mundo afora é matéria para pensar. E os números de vítimas – entre 602 e 160 – gritam por uma maior atenção e responsabilidade, que transparece nos sinistros de Estados Unidos (7), China (1), Argentina (1) e Filipinas (1).
Não mencionado o incêndio do hotel e boate Vogue, na avenida Princesa Isabel, em Copacabana, em 14 de agosto de 1955, com cinco vítimas fatais, das quais duas se jogaram das sacadas dos quartos.
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