Diplomacia partidária
O que os
militares não conseguiram em mais de vinte anos, o P.T. logrou implantar em
termos de relações externas. Desde Lula da Silva há uma dicotomia diplomática:
em termos de América Latina e, em especial, a América do Sul, o controle está
com o assessor petista no Planalto, Marco Aurélio Garcia.
A mudança não é pequena. Desde o
império, a diplomacia brasileira se caracterizara por ser de Estado, livre
portanto das contingências político-partidárias dos demais países
sul-americanos. Daí a coerência e a seriedade que a caracterizou, mutações e incoerências das questões partidárias. E por
isso igualmente o respeito que sempre grangeou, desde o Império, pelo estudo
dos antecedentes e dos maços, e pautada pelos interesses permanentes do estado
brasileiro, longe dos caprichos e das variações de outras chancelarias,
deixadas ao leu pelas mutantes conveniências dos interesses de facção.Foi o que vimos em Itaipu, com ligeiras concessões ao parceiro paraguaio, sem a necessária atenção a interesses permanentes, que sobrelevam conveniências de ocasião. E a dança dos erros se repetiria com as apressadas sanções ao parceiro menor, implantadas em reuniões de altíssimo nível, que pensam prescindir do conhecimento dos maços e das questões.
Agora, o assessor internacional do governo dílmico-petista, Marco Aurélio Garcia, nos vem com a observação de que, como Chávez foi reeleito, “não há descontinuidade” se ele não tomar posse agora. E como mudaram os tempos, está falado.
A constituição venezuelana – que foi escrita pelos próprios partidários do coronel Hugo Chávez – tem uma outra leitura, que não interessa à facção chavista, enquanto se posiciona para tentar prorrogar o respectivo reinado. Pois é bem de reinado que se trata, como refere Clóvis Rossi: ‘ prorrogar o mandato do presidente doente indefinidamente, como defendem os chavistas, é transformá-lo em rei.’
Daí a defesa do absurdo adiamento por 180 dias. E junto com esse tipo de argumento, lá se vai o silêncio que poderia ser de ouro.
O
Secretário-designado da Defesa
Há tácito acordo na
política estadunidense de que o Secretário de Defesa deva ser escolhido menos
por conveniências partidárias do que de Estado, o que tende a trazer, para esse
importante posto, políticos que sejam da oposição, ou que tenham trânsito nas
duas bancadas. Com isso se enfatiza o interesse nacional prevalente.
Deveria ser a rationale por trás da indicação do ex-Senador Chuck Hagel, que é
republicano. No entanto, a reação que Barack Obama terá evitado com a
designação para o Departamento de Estado do Senador John Kerry (Mass/D), ele
agora enfrentará com Hagel. Se ao
ex-veterano no Vietnan não faltam títulos para a direção do Pentágono, ele terá
de vencer a resistência de muitos ex-colegas no Senado para ser confirmado.Hagel pertence a esta espécie em processo de extinção – os republicanos moderados. O radicalismo conservadorista se tornou na aparência a regra, com os resultados que vimos na última eleição. Um ex-moderado governador de estado, candidato à presidência, exposto a um vazamento em Boca Ratón perdeu a disputa pela Casa Branca, que julgava a seu alcance. Agora o moderado Hagel terá de ‘explicar’ faltas contra o aliado (ou cliente) Israel, além de posturas negociadoras com o Irã, e alegadas resistências contra os gays nas forças armadas.
Dada a sua eloquência oratória, não é tarefa impossível.
Paul Krugman, com a
autoridade do Nobel, volta a bater em tecla sua conhecida. Ao contrário de o
que muitos pensam, a austeridade – o remédio preconizado pelo Banco Central
Europeu e por tantos líderes da U.E. – não é a chave mágica para vencer a crise
econômica. Que a tese keynesiana venha a
ser defendida por um papel de dois economistas do F.M.I. não é um simples
detalhe. Como Olivier Blanchard, o principal economista do Fundo, não é um
pesquisador comum, a tese tem sido entendida como um sinal de que o FMI vá
proceder a um repensamento de política econômica.
O problema é, segundo Krugman, que
ainda muitos acreditam em cortes de despesa como remédio eficaz para a recessão
econômica. Como assinala o colunista, o GOP se apresta a instrumentalizar a
renegociação do teto da dívida fiscal – uma ação já ilegítima por si própria –
para extorquir cortes de gastos no orçamento que tenderão a arrastar a economia
americana de volta para a recessão.
( Fontes: Folha
de S. Paulo, O Globo, International Herald Tribune. )
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