O ataque à
usina da empresa Sonatrach na localidade de In Amenas foi afinal objeto de
conferência de imprensa. O primeiro ministro Abdelmalek Sellal fez exposição televisiva
sobre a incursão terrorista em que morreram 37 refens estrangeiros e foram
abatidos 29 militantes.
Segundo
Sellal a investida – procedente do Mali, mas que entrara no Saara argelino
através da fronteira líbia – se apossara do sítio em protesto contra a
intervenção francesa em favor do regime legal de Bamako.De acordo com o Primeiro Ministro, havia 790 operários na usina, inclusive 134 estrangeiros de 26 nacionalidades. No sábado o confronto chegara ao fim, com o assalto pelos argelinos do último reduto dos terroristas no sítio de refino.
Embora as autoridades argelinas se mostrassem céticas acerca da participação de nacionais daquele país no bando terrorista, o primeiro ministro assinalou que o cabecilha, Bencheneb Mohamed Amine, era argelino. Os atacantes seriam provenientes do Egito, Mali, Níger, Mauritânia, Tunisia e Canadá. O governo de Ottawa indicou que está investigando a respeito.
As vítimas eram nacionais dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Japão e Filipinas. Há informes conflitantes sobre o número de mortos : haveria três americanos mortos e, em igual número, britânicos. Quanto aos japoneses, sete estão mortos, e mais três tem destino incerto. Entre os filipinos há seis reféns mortos e quatro desaparecidos.
Por fim, há referência a um refém de nacionalidade portuguesa. Não ficou, no entanto, esclarecido se está entre os sobreviventes.
A Eleição na Baixa-Saxônia
O pleito
para o novo governo regional terminou no photochart,
mas o resultado seguiu tropeços anteriores da aliança cristã-democrata (CDU) com os liberais democratas (FDP) em Baden Wurtenberg (2011), Renânia
do Norte-Westphalia, e Schleswig-Holstein
(maio de 2012)
A escrita na parede não
pressagia bons augúrios para o próximo setembro, em que Angela Merkel tentará manter a maioria no Bundestag para um terceiro mandato. A líder cristã-democrata
continua como a mais popular, e o seu partido mantém a precedência sobre os
sociais-democratas. Posto que o líder do SPD, Peer Steinbrück tenha cometido uma série de gafes (disse que a Merkel se prevalecia do bônus-mulher) e esteja atrás da Chanceler nas pesquisas, o peso desta vantagem em um regime parlamentarista não é o mesmo de um presidencialista. Por outro lado, o problema da coalizão está nos liberais democratas e no seu líder, Philipp Rösler. Por isso, Angela Merkel não exclui a possibilidade de reviver a grande aliança, no caso de que a SPD e os Verdes não logrem maioria para formar o novo gabinete.
A Merkel teme que nacionalmente se repita o acontecido na Baixa Saxônia. Por apenas uma cadeira, a SPD e os Verdes lograram a maioria nesse estado. Assinale-se que a CDU foi a agremiação mais votada, mas o fraco desempenho do partido liberal tornou possível o triunfo da esquerda.
Outra consequência negativa da eleição na Baixa Saxônia está no fato em que deu a maioria no Bundesrat (Conselho Federal) à oposição, o que tenderá a criar dificuldades para o gabinete da Merkel em determinadas legislações.
Faltam ainda nove meses para as eleições federais, porém a repetição de vitórias da esquerda SPD e dos verdes é decerto um mau presságio para os cristãos democratas. Contudo, a popularidade de Angela Merkel – matizada pela crise e a retração econômica na Alemanha – e a força da CDU/CSU não tem sido bastantes para superar a crise dos liberais democratas (FDP) e a sua frágil liderança.
Por um incôngruo acúmulo de motivos
– cuja validade é variável – o Primeiro Ministro de Sua Majestade Britànica, David Cameron, vem adiando por repetidas
vezes um muito anunciado discurso sobre a Europa.
A oração
estava remarcada para a sexta-feira, 18 de janeiro, mas a crise dos reféns na
Argélia levou Cameron a mais uma postergação. A intervenção será em Amsterdã,
na Holanda, consoante velha tradição inglesa de usar cidades do Continente para
pronunciamentos sobre a questão europeia.Como se sabe, malgrado tentativas de líderes europeus como a Chanceler Angela Merkel, há uma inegável deriva na posição do Primeiro Ministro no que concerne à União Europeia.
Esquecido do grande esforço de predecessores seus em assegurar a presença do Reino Unido nos diversos avatares da União Europeia, Cameron se tem deixado influenciar de forma crescente pela onda de impopularidade votada por parte do eleitorado britânico a Bruxelas.
Ainda que o impacto da alocução, tantas vezes anunciada, e outras tantas diferida, perdeu um pouco de sua novidade, a postura de Cameron preocupa aqueles com maior conhecimento na matéria de que uma vez retirado do frasco será um pouco árduo recolocar o interesse inglês nos seus devidos termos.
Com a ligeireza que trata um tema de tal magnitude, o Primeiro Ministro ora avisa que a sua advertência quanto à possibilidade de deixar a União Europeia pode talvez incluir a promessa de um referendo sobre o relacionamento de Londres com Bruxelas.
Malgrado os conselhos de Barack Obama, Cameron semelha estar em condições de ditar termos às instâncias de Bruxelas. Não tendo o estofo de um Tony Blair – que enfrentou com sucesso o referendo sobre a Europa – Cameron deseja repetir a prova do ordálio. Não sopesando a questão como deveria, avança em terreno minado, e ainda se acredita em condições de fazer ameaças a Bruxelas.
Dadas as características do personagem, Cameron seria a própria personificação da improvidência. O pior é que o Primeiro Ministro de Sua Majestade pode ter, para sua desgraça, os votos atendidos.
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