O regime do ayatollah Ali Khamenei, em sua lógica da repressão, prendeu diversos dirigentes oposicionistas, embora não tenha ainda ousado deter os principais líderes da oposição, como Mir Hussein Moussavi, Mehdi Karroubi, e o ex-presidente Mohammad Khatami.
Entre outros, em onda repressora, três assessores de Moussavi e o líder de um grupo político banido, Ibrahim Yazdi, foram detidos. Haveria dez cadáveres de manifestantes mortos, o que representa o mais alto nível de vítimas fatais dos protestos desde a eclosão do movimento com o maciço esbulho eleitoral de doze de junho de 2009. O próprio corpo de Ali Moussavi, sobrinho do principal candidato oposicionista, foi retido pelas autoridades. A princípio, os esbirros negaram qualquer responsabilidade no assassínio, que seria obra de ‘marginais’. Agora, o desaparecimento do cadáver se deveria ao propósito de realizar autópsia no sobrinho de 46 anos de Moussavi.
A esse respeito, o líder oposicionista e candidato presidencial às últimas eleições, Mehdi Karroubi fez a seguinte pergunta: ‘O que aconteceu com esse sistema religioso que ordena a morte de pessoas inocentes por ocasião do dia santo de Ashura ?’
O cinismo da ditadura do ayatollah Khamenei que, a pretexto de uma ‘autópsia’, mas na verdade para dificultar a realização do enterro – e o afluxo de grandes multidões – procura pateticamente ocultar o cadáver.
O dia de Ashura comemora a morte de um neto do Profeta Maomé, o Imam Hussein, cujos seguidores formaram a seita xiita. A memória do Imam Hussein é tão forte entre os xiitas que é estritamente proibido matar por qualquer razão no dia santo de Ashura. Como foi assinalado por um estudioso, ‘matar gente em Ashura mostra o quão longe Khamenei deseja ir para suprimir os protestos’.
Das dez mortes de manifestantes, cinco ocorreram em Teheran, quatro na cidade de Tabriz, e uma em Shiraz. Ao contrário dos outros óbitos, Ali Moussavi foi adrede assassinado, em ação política que visa diretamente a seu tio. De início, Ali foi atropelado por uma camionete na porta de sua casa. Cinco capangas sairam do veículo e um deles o alvejou mortalmente. Mais tarde, funcionários governamentais se apossaram do corpo, e advertiram a família para que não o enterrassem em cerimônia pública.
A bestial violência do regime iraniano foi condenada até por habituais aliados de Teerã, como Moscou. A chancelaria russa declarou: ‘Os acontecimentos dos últimos dias preocupam. É fundamental mostrar moderação, buscar compromissos baseados na lei e fazer esforços para evitar a escalada do enfrentamento interno’.
Por sua vez, foi severa a avaliação da União Europeia: “a força bruta (usada pela polícia contra os manifestantes) representa uma grave violação dos direitos humanos”. A Casa Branca censurou o que definiu como ‘injusta repressão’ de civis pelo governo iraniano.
Infelizmente, as autoridades brasileiras se recusaram a fazer qualquer crítica ao regime de Ali Khamenei, pregando ao invés o que, na prática, se poderia chamar o 'diálogo' com os fuzis.
(Fontes: International Herald Tribune e Folha de S.Paulo)
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário