Segundo informam os meios de comunicação, o quase-ditador Coronel Hugo Chávez Frias - que, dentro da linhagem de tantos predecessores seus, almeja tranformar-se em Presidente perpétuo da Venezuela, - empreendeu mais um dos seus triunfais périplos. Essas viagens costumam ser abertas confissões da opção ideológico-autoritária do caudilho e, com exceção que confirma a regra, não trouxeram surpresas pelo menos neste aspecto.
De início, Chávez foi abraçar o velho amigo Coronel Kadafi – que trajava branco uniforme ad-hoc desenhado – por ocasião da comemoração do quadragésimo aniversário da deposição do esquecido Rei Idris (que, em má hora, decidira viajar para o exterior, com árabe comitiva). A seguinte democracia adjetivada do programa seria o pobre Irã, do Supremo Líder Khamenei e do efusivo amigo Ahmadinejad.
Decerto o coronel Chávez – a exemplo de seu predecessor Carlos Andrés Perez, contra quem o então ambicioso tenente-coronel intentara um golpe que, embora malogrado, o ajudaria a galgar a escadaria do poder - tem vocação peripatética. Viaja muito, o que pode lhe criar problemas, como, e duplamente, se acaba de verificar.
Não importa, eis que as alturas do mando sóem dissipar esses temores. A escala ulterior foi a Rússia de Medvedev e Putin – em termos da chamada hierarquia chinesa a ordem está invertida. Estará sendo arguto o coronel Chávez ao trazer a Rússia para a América do Sul ? Em um jogo de poder que se acha muito acima das veleidades do caudilho venezuelano, a Rússia discretamente estimula esses arroubos.
Tal se insere na complexa relação de Moscou com a superpotência, e serve quiçá como retorsão às mostras de simpatia de Washington para com a Georgia do Presidente Mikhail Saakashvili.
A par da estranheza que as continuadas aquisições de armas russas não deixam de suscitar, é inqualificável a apreciação do estabanado reconhecimento diplomático concedido por Chávez às duas repúblicas da Abkhazia e da Ossétia do Sul. Em glorioso isolamento, o caudilho de Caracas resolve ser o terceiro país no mundo a reconhecer as duas províncias-tampão que, à sombra do urso moscovita, se separaram da Geórgia. No exagero de barretada sem qualquer significado econômico ou geo-político, o pobre Chávez não se dá conta de que faz apenas confrangedora bajulação de vassalo para com o suserano do Kremlin.
A derrota do Presidente Hugo Chávez o leva a Madri, onde lentes impiedosas o pilham a prestar homenagem àquele que, tempos atrás, interrompeu-lhe a logorréia com o famoso ‘por que no te callas ?’.
Podemos acoimar o coronel de muitos defeitos, mas não de falto de esperta inteligência. Soube com destreza engolir o sapo da dita reprimenda, a ponto de rir, em companhia do terno algoz, com a referência ao puxão de orelhas. E agora, nos salões do Palácio da Zarzuela, troca chistes com o soberano.
Terá Chávez pendores monárquicos ? Ou verá com a secreta inveja do candidato a ditador a serena fidalguia que provém de outra linhagem, diversa da de seus amigos arrecém visitados, e que se baseia em esquiva, quase inefável legitimidade ?
sábado, 12 de setembro de 2009
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