segunda-feira, 21 de junho de 2021

O futuro depois das quinhentas mil mortes

          Ontem,  como o leitor se terá dado conta,  este blog procurou refletir o que a grande imprensa do país, representada por O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, formula como avaliação dessa tragédia nacional, representada pela fatalidade das quinhentas mil mortes. Dada a magnitude do fato,  que ultrapassa qualquer comentário em termos de seu reflexo na  sociedade brasileira, essa narrativa constitui decerto um enorme desafio para os órgãos de nossa imprensa, representada, segundo a  impressão deste  blogueiro, pelos seus três maiores veículos em termos de expressão nacional. Como toda opinião, considero que possam existir outros órgãos que também poderiam ser incluídos nesse cômputo.      Reconheço que é questão de julgamento subjetivo, e, por consequência, não se poderia descontar que outros veículos de opinião sejam suscetíveis de igualmente serem computa-dos. De qualquer forma, esses três grandes jornais, fiéis à injunção de manifestar-se diante dessa tragédia nacional, o fizeram de maneira digna e veraz, dando o seu relato para a sociedade brasileira na forma do respectivo estilo e chancela, que reflete não só a atualidade, mas a própria reação diante das múltiplas facetas envolvidas por tal gênero de catástrofe, que  por  ser infelizmente mundial, tende a afetar à toda a população do planeta Terra. 

          A fatalidade - como a corrente pandemia - constitui uma intrusão brutal em nossas vidas e, sob a visão toynbeeana, representa também  desafio não só para os países, mas  para as próprias sociedades que os constituem. Nesse sentido, a resposta que elas possam dar a tal dificuldade  implica em sua reação diante de um problema que, muita vez,  como no caso em tela, tende a ter vastas, profundas consequências na vida de pessoas ou de sociedades, que podem, inclusive, implicar em reações adversas, as quais tendem a incluir, como no presente,  consequências ad personam  que  impliquem na respectiva destruição física. 

            O coronavirus  constitui, nesse particular contexto, um senhor desafio. Ora a ameaça colocada por  pandemia dessa natureza pode significar para a parte diretamente atingida seja uma ameaça mortal - como o foi para tantos povos a que chegara ao ponto de apagar do mapa, em termos do número de pessoas que desapareceram pela sua própria  incapacidade,  ou de seus respectivos líderes, de encontrarem respostas efetivas para o mortal desafio que essa peste moderna constitui. Nesse contexto, temos a resposta da Primeira Ministra da Nova Zelândia, que soube valer-se da condição insular  do país que dirige, para garantir aos seus habitantes a necessária proteção. Por sua vez, como verificamos no confronto de dois presidentes americanos, que se sucederam à testa do colosso  estadunidense, enquanto Trump se atolava em políticas errôneas, o que contribuiu para o aumento de vítimas naquele país, o seu sucessor Joe Biden ora colhe  resultado favorável, que contrasta com a desastrosa gestão de seu antecessor.

               Já no caso do Brasil, a resposta de nosso Povo  foi imediata. Por conseguinte,  as manifestações políticas contrárias ao presidente Jair Bolsonaro se sucedem nas ruas e avenidas das principais cidades do Brasil.  Também a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a pandemia tem sabido marcar as responsabilidades. Nunca se deveria subestimar um eventual inimigo, como parece ter sido o viés de Sua Excelência ao considerar esse flagelo com as suas referências a uma gripezinha. Se o  Povo Brasileiro não subestima  seus eventuais adversários, o Presidente deve igualmente expressar a própria concordância quanto ao perigo que o coronavirus representa. Seria,  portanto,  decerto o cúmulo da insensatez  desmerecer da ameaça de tal flagelo que tantas vidas de nossa boa gente brasileira vem ceifando.                               

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo )

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