quarta-feira, 16 de junho de 2021

ex- Governador Wilson Witzel, corrupção e pandemia

     A CPI  da pandemia  do Senado ocupou a manhã de  hoje e princípios da tarde de  dezesseis de junho, a colher a oitiva do ex-governador  Wilson Witzel. Como se sabe, o ex-juiz, que deixara a magistratura  para eleger-se à chefia do  governo do Estado do Rio de Janeiro, sofreu  impeachment pela  Alerj, sob a acusação de corrupção.           

     O respectivo testemunho que se prolonga até o  começo da tarde abrangeu a sua breve permanência no governo do estado. No entanto, as perguntas dos senadores - e as respostas do ex-governador -  serviram igualmente para uma avaliação das relações de Witzel com o presidente Jair Bolsonaro.

    Com efeito, a linha seguida pelo ex-governador nos proporciona um reflexo de sua atitude nas relações com a presidência. Ficou igualmente clara que a sua postura não diferia daquela de muitos outros governadores, como aquela do próprio João Dória (PSDB),  governador de São Paulo, que pressupunham que o poder presidencial atuaria em concerto com os Estados, em termos de combate à pandemia. Otimista - o que seria, no caso, a avaliação  de alguém com uma visão pró-ativa na política, ele pressupunha que o Chefe da Nação seria uma força positiva no enfrentamento desse magno desafio.

       Segundo se depreende de seu discurso, tal não terá ocorrido. As suposições otimistas dos governadores,  das quais  tampouco divergira Wilson Witzel, se chocariam, no entanto, com a real motivação do Chefe do Governo federal. Por conseguinte, tais suposições não resistiriam  às pulsões que moviam o chefe do Executivo Federal. 

       Há acusações de corrupção contra Witzel, o que explica as modulações nas reações no seu entorno, e em algumas das perguntas que lhe foram dirigidas, máxime por apoiadores do Palácio do Planalto, o que não exclui a família presidencial, com o Senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, marcando tal posição, ao participar do interrogatório do ex-governador. 

       Nessa comissão parlamentar de inquérito do Senado, o seu caráter incoativo que subjaz ao seu propósito, ele pode ser presumido nas colaborações agressivas de vários de seus membros, que se alternam com outros testemunhos que se diriam mais cordatos e quem sabe talvez mais administráveis.

        É uma colheita diversa, que pode fornecer um sumário não necessariamente contraditó- rio, mas que pode atrair posturas contrastantes, dentro de um discurso em que uma visão contrária esteja presente.

         Tais enfoques fazem parte de um discurso que tende a chamar a atenção pelas muitas questões em que os paradoxos fazem parte do enredo, e que podem dar aos seus sôfregos acompanhantes a percepção de raciocínios que vão sendo acompanhados com uma crescente expectativa.

           A CPI  continua  um enigma. Os seus adversários a vêem com perplexidade. Ela tem o dom de ameaçar o ceticismo de muitos, de que nada vá sair  de seus interrogatórios, embora o seu discurso pareça por  vezes enredar-se  nos muitos nós e contradições de uma busca que não parece dar em nada. 

            Mas, estranhamente, a tal busca continua e o medo do adversário cresce.  Será que  o tempo da boiada passou, para perplexidade de muitos ?

              

( Fonte:  Rede Globo )

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