A intervenção promovida por Jair Bolsonaro na Petrobrás deverá produzir efeitos nocivos na Economia do País, segundo analistas ouvidos pelo Estadão. Nesse quadro, as primeiras consequências serão afastar investidores, empurrar o dólar para cima além de ampliar as incertezas.
Já no longo prazo, a intervenção dificultará a saída do Brasil da crise, o ajuste das contas públicas e as reformas.
"Conforme a popularidade vá caindo e a base o pressiona por medidas que não conversam com a agenda econômica, Bolsonaro faz a escolha que é condizente com sua trajetória política", declara Ana Carla Abrão, economista e sócia da consultoria Oliver Wyman no Brasil. E se o presidente insistir em provocar instabilidade, a retomada será mais difícil. "A janela para colocar a economia no eixo está estreitando", assevera Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. Ontem, em Campinas, Bolsonaro avisou que fará novas trocas no governo.
"Mudança comigo não é de bagrinho,não, é tubarão", disse o Presidente.
A intervenção na Petrobrás feita pelo Presidente, que anunciou pelo Facebook a troca de comando na Estatal, na noite de sexta, terá o efeito imediato de afastar investidores, empurrar o dólar para cima e ampliar as incertezas da economia. No longo prazo deixará mais cara a saída da crise, o ajuste das contas públicas e as reformas, segundo especialistas.
A avaliação é que a retomada do crescimento sai prejudicada com o episódio, mas não há um consenso se haverá uma guinada ainda mais populista de parte de Bolsonaro. Se tal acontecer o preço da retomada, dizem eles, sairá muito mais alto.
Para alguns economistas, a decisão de Bolsonaro marcou um ponto de inflexão. Desde o início do mandato, afirmam eles, o presidente deu mostras de que sua visão liberal da economia era apenas um verniz aplicado pelo ministro Paulo Guedes, para ser mais bem aceito pelos eleitores que buscavam uma alternativa ao PT.
Entre muitos episódio nessa linha, o mais recente ocorreu em janeiro, com a decisão de Bolsonaro em afastar o então presidente do Banco do Brasil, André Brandão, após a instituição anunciar corte de funcionários e fechamento de agências. Naquela ocasião, Guedes conseguiu segurar a intervenção no Banco, de capital aberto, mas não reverteu agora a virada na Petrobrás.
\Segundo Sérgio Lazzarini, professor de economia do Insper, o perfil intervencionista do presidente tende a se acirrar, porque o ciclo eleitoral tornou-se prioridade:"Bolsonaro começa a perder muito a franja de liberal econômico e vai-se agarrar mais no populismo para agradar seu eleitorado, como o caminhoneiro e o conservador raiz, como estratégia de ir para o segundo turno com 25% dos votos, e torcer para uma nova polarização, nas eleições.".
Nessa tese, porém, não há consenso. Existe também a leitura que não há um divórcio entre Bolsonaro e Guedes. As opiniões divergem. "Bolsonaro enxergou que o risco de uma greve de caminhoneiros poderia ser fatal para seu governo. Há também em curso a tese de que Bolsonaro teria como agradar aos caminhoneiros sem fazer o estrago na Petrobrás. Uma das alternativas era usar os assentos do governo no conselho de administração para pressionar por mudança ou maior transparência na política de reajuste de preços.
Nesse nervosismo que contorna uma possível greve de caminhoneiros, o presidente Bolsonaro declarou igualmente que é preciso uma atuação mais incisiva de órgãos de governo para fiscalizar qualidade e preço dos combustíveis. Para ele, os combustíveis poderiam ser quinze por cento mais baratos.
(Fonte: O Estado de S. Paulo )
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