quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

A Eficácia da Sputnik V

    O estudo da prestigiosa revista Lancet indica eficácia de 91,6 para a vacina russa Sputnik V.  Depois de uma série de dúvidas o imunizante demonstrara tal eficácia, com dezesseis contaminados que desenvolveram a Covid-19 com sintomas leves no grupo vacinado,  a par de 62, entre aqueles que tomaram placebo (e portanto ficaram expostos sem o saber à doença).

     Segundo o estudo revisado pela Lancet, uma análise de dois mil voluntários que tinham mais de sessenta anos, no estudo mostrou uma eficácia semelhante do fármaco, dado importante porque se trata do grupo que concentra a mortalidade da doença.

      Não houve relato de efeitos adversos na aplicação da vacina, além de desconforto  no ponto de injeção e sintomas gripais, como febre,. Houve quatro mortes de voluntários, nenhuma delas associada à imunização.

       A fase 3 na Rússia começou em setembro e foi anunciada pelo governo de  Vladimir Putin como um início de vacinação em massa.

        Ao todo, quarenta mil participantes estão sendo acompanhados e a vacina já está disponível para a população russa em geral desde o começo do corrente ano de 2021.

         A pressa russa foi duramente criticada, pois a autorização de uso emergencial foi concedida sem a publicação nem dos estudos das fases 1 e 2, que determinam a segurança e a capacidade de indução de resposta imune da vacina - o que não significa sua eficácia ou efetividade, dado este que só se saberá na vida real.   

          A Sputnik induziu  a produção de anticorpos em 98% dos voluntários e resposta celular em  cem por cento deles.  

           "O desenvolvimento da SputnikV foi criticado pela rapidez, atalhos e falta de transparência. Mas os resultados têm sido claros e o princípio científico da vacinação está demonstrado", declararam em  comentário ao texto os professores Ian Jones (Univ. de Readiing, Reino Unido) e Polly Roy (London School of Hygiene & Tropical Medicine).

            A Sputnik V  virou um sucesso  de exportação e  trunfo geopolítico para Putin - como se sabe, o seu nome se associa ao primeiro satélite artificial lançado pela então União Soviética. em 1957. O lançamento de entanto, um sucesso mundial, se maculou pela crueldade de incluir como "tripulante" a cachorrinha Laika.

              Diversos países já receberam doses para aplicação na respectiva população, como Argentina e Venezuela, na América do Sul,  e Hungria e Belarus, na Europa Oriental. Até aqui, 16 já autorizaram o seu uso emergencial. Na Rússia, o Kremlin diz haver vacinado  mais de 1,5 milhão de pessoas, número que é questionado por médicos independentes. 

               Como se sabe, a prestigiosa revista Lancet já tinha publicado os estudos da fase 1 e 2, e agora confere uma chancela por assim dizer diplomática importante para o imunizante russo em tela.

                Já no Brasil, a conhecida Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária está requerendo mais informações acerca desta vacina, com vistas a dispor de mais elementos e base para a competente análise do uso emergencial. Os russos se associaram à União Química, laboratório paulista,  para a produção inicial de dez milhões de doses desse fármaco no país.  Segundo informa a Folha (Igor Gielow), para aumentar as possibilidades de colocação do produto, que já virou  um sucesso de exportação e um trunfo geopolítico para Putin. 

                 Nesse contexto, manda o senso de responsabilidade que a  Anvisa proceda à sua habitual prática de exame do produto em tela. O que interessa é a qualidade da vacina e a sua eficácia para o eventual uso emergencial.  Como assinala a oportuna matéria da Folha,  é de todo interesse nacional que a qualidade dessa vacina russa seja testada e comprovada. É de indispensável,  portanto que a firma russa possa apresentar os devidos e cabíveis  dados    que validem a qualidade do produto ora ofertado. Nesse sentido, a União Química (a representante do produto em tela) protocolou documentos para  o uso  emergencial da Vacina a quinze de janeiro último.  

                   A Anvisa, no entanto, devolveu tal pedido  aos representantes da Sputnik V , de vido à falta de estudos clínicos da fase 3 no país, além de outros dados, como a comprova-ção  de boas práticas de fabricação.  Nesse sentido, a  Anvisa frisa, mais uma vez, quais são os dados que carecem de ser apresentados.  A  par disso, segundo a Agência, para a análise necessária para dar aval à aplicação da vacina em tela, a empresa encarregada precisa, outrossim, apresentar um relatório do estudo clínico.


( Fonte: Folha de S. Paulo ) 

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