Dilma e a Petrobrás
A mão de pessoas
amigas pode ser por vezes mais pesada do que a de supostos desafetos.
Comparem-se, por exemplo, Fernando Henrique – quando se falou até de Petrobrax, no que seriam os primeiros
arreganhos para a privatização da estatal – e Dilma Rousseff, que de tais
tentações decerto não seria suspeita.
Pois não é que, dentro da
peculiaríssima estratégia dílmica, a sua querida Petrobrás, sob a direção da amiga
Maria das Graças Foster, registra o
menor lucro em oito anos ?Na sua heterodoxa tática de controle da inflação, a Presidente interveio com mão pesada na Petrobrás, mandando segurar o preço dos combustíveis. Com os preços defasados e o aumento nas importações de combustíveis, o lucro da Petrobrás encolheu para R$ 21,18 bilhões em 2012, uma queda de 36% em comparação com os R$33,3 de 2011. Também contribuíram de forma negativa o recuo de 2% na produção de petróleo e a valorização do dólar.
A queda do lucro no ano passado só é comparável com a verificada em 1995, de 48,7%, no ano seguinte ao do lançamento do Plano Real.
Não estranha, por conseguinte, que a Petrobrás haja perdido US$ 32 bilhões em valor de mercado, caindo para o oitavo lugar no ranking global das petroleiras.
Com amigos assim, a Petróleo Brasileiro S.A. carece, acaso, de inimigos ?
Dura pouco a
euforia da vitória se o povo se intromete na comemoração. Veja-se, por exemplo,
a rígida marcha do recém-empossado Renan Calheiros, sob os tambores da guarda
do Congresso e a presença de populares, com seus cartazes Fora Renan !
Anda depressa o sorridente Renan
da véspera, diante de uma hostilidade que relembra aquela que forçava Sarney a
evitar os corredores do Senado, quando da crise dos atos secretos. Por seu lado, o deputado Henrique Alves, cujo triunfo não foi tão acachapante quanto esperava, voltou a falar grosso. No auge do corporativismo, e nos baixios do bom senso republicano, o novo presidente não hesitou em declarar que a palavra final sobre perda dos mandatos é da Câmara dos Deputados.
A disposição arrogante – arrefecida durante a campanha – igualmente retorna. Alves promete agora colocar em pauta temas incômodos para o governo e acabar com o “toma lá dá cá” entre Executivo e Legislativo.
Saídos de dois pequenos estados – Alagoas e Rio Grande do Norte – os dois parlamentares, ambos acusados de crimes financeiros, verão essa oportunidade como de afirmação ?
O problema é que, corporativismos à parte, semelha perigosa a jornada de contestação de poderes do Supremo. Se olharem para trás, que apoios entreverão, salvo quiçá o do baixo clero ?
Acaso pensam que podem desconhecer a Nação e a opinião pública ?
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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