É talvez cedo para a largada da campanha
eleitoral de 2014. No entanto, de um lado e outro petistas e tucanos sentem que
tudo induz à antecipação da retórica eleitoreira. O PT se reúne para comemorar dez anos na presidência. Lançada uma
cartilha em que os contrastes se pintam com as tintas da propaganda, pondo nas
alturas os governos Lula e Dilma, e acerbas críticas a FHC, o Partido dos Trabalhadores organiza celebração em São Paulo, para que
Lula indique Dilma, e dela participem os mensaleiros José Dirceu, José Genoino
e João Paulo Cunha.
O peixe-piloto
Gilberto Kassab foi convidado para compor a mesa – com direito a vaias e
hostilização pelo auditório. Já a trinca dos condenados pelo STF foram
recebidos com entusiasmo pela assistência, mas não tiveram lugar na mesa dos
dois gerarcas petistas, Lula da Silva e Dilma Rousseff.Ecoou na grande sala paulistana o discurso do senador Aécio Neves (PSDB/MG) pronunciado naquela mesma jornada no Senado Federal.
Em tom ainda moderado, Aécio principia a assumir o papel de principal candidato oposicionista à candidatura petista de Dilma Rousseff, dissipadas as dúvidas sobre uma eventual postulação pelo ex-presidente Lula.
Aproveitando a visita ao Brasil da blogueira Yoani Sánchez e a intolerância dos militantes do PT e do PCdoB que, conforme as possibilidades do local, perseguem sempre a denegação da palavra à ativista cubana – até ensaiado no próprio Congresso por senadores das esquerdas unidas – Aécio cuja oratória ameaça a quem não é do ramo, perguntou retoricamente: “ Mas afinal, qual é o PT que celebra aniversário hoje? O que fez do discurso da ética, durante anos, a sua principal bandeira eleitoral, ou o que defende em praça pública os réus do mensalão ? O PT que considerava inalienáveis os direitos individuais ou o que se sente ameaçado por uma ativista cuja única arma é a sua consciência ?”
Na sua alocução, Aécio citou o baixo crescimento econômico (no mesmo dia o Banco Central estimou em 1,35% o avanço do PIB em 2012), a inflação, a quebra de confiança dos investidores, e o descalabro das contas públicas.
Devolvendo o ataque petista da cartilha, em que tenta denegrir o legado do governo de FHC, o Senador referiu-se à ‘herança bendita’ do governo tucano. No entender do pré-candidato, a incapacidade de gestão se adensou e o Brasil parou. Nesse sentido, os fundamentos da economia estão em rápida deterioração, colocando em risco avanços que o país levou anos para implementar, como a estabilidade da moeda.
Tudo leva a crer que o dragão estará na ribalta da eleição de 2014. Ainda mais cedo do que o esperado o presidente do BC se apressou em declarar que não haverá, por ora, aumento dos juros, o que não seria a seu ver necessário. Dada a postura de Dilma, o mercado estava certo em seu ceticismo quanto ao emprego de meios mais fortes no combate à inflação.
Entrementes, os outros dois pré-candidatos, Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (‘Rede’) nadam sozinhos, no caudaloso rio das ambições, por ora cuidando de manter as próprias forças e respectiva relevância, nessa corrente em que infestam as piranhas.
( Fonte: O
Globo )
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