segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Rescaldo do Fim de semana


                                   
O asilo de Assange

      Em geral, o personagem central de asilo diplomático – no caso, o candidato a asilo na embaixada – costuma estar envolto nos sete véus da discrição. De início, a entrada do suposto perseguido na missão diplomática, e em seguida, na sua eventual permanência na embaixada – na hipótese menos comum de que a despeito de sua condição reconhecida pelo governo que concede o asilo, o governo do país junto ao qual está acreditada a missão se recuse a dar-lhe o salvo-conduto – não é habitual que o asilado apareça e muito menos que faça discursos.
     O leitor, lembrando-se talvez do ‘asilo’ supostamente concedido pela embaixada do Brasil em Honduras a Manuel Zelaya. Ponderar que essa reserva diplomática desaparecera com aquele estranho asilo, dado o comportamento do asilado em relação ao entorno político hondurenho, pode qualificar o comentário no que tange aos dez minutos de pública notoriedade de Julian Assange.
     Tomando a Administração Obama como o verdadeiro poder que, em fim de contas, explicaria o seu asilo na missão do Equador junto ao governo britânico, Assange atacou Washington e seus diversos processos judiciais contra os que teriam vazado documentos confidenciais. Nas suas palavras, ‘se Wikileaks está sob ameaça, o está igualmente a liberdade e a sanidade de todas as nossas sociedades (políticas)’.
     A aparição de Assange, sem embargo, pode ser vista como um elogio, posto que involuntário, de radical democracia. Em quantos países (dentre o submundo que condiciona os pedidos de asilo) uma cena como aquela, com os policiais que ali estão supostamente para prendê-lo ou para evitar-lhe a fuga, poderia ser visualizada ?



Eleição em  São Paulo

      Será que Celso Russomano, apoiado enquanto profissional da mídia, logrará transpor a barreira para o segundo turno, como as presentes prévias indicam ?
      Ou prevalecerá o desfecho habitual, entre PSDB (José Serra) e PT (Fernando Haddad), como aventa o pessoal do ramo ?
      Estamos acaso diante de uma luta de sombras, à moda javanesa[1], entre o tríduo Russomano (opção evangélica e assistencialista),  José Serra (o peso das interrupções anteriores) e Haddad (o vetor de indicações de forças superiores, a despeito de prática inferior no ramo eleitoral) ?
      Por coerência, Dilma Rousseff não deveria acaso prestigiar já a partir do primeiro turno o candidato de Lula da Silva ?



Eleição no Rio de Janeiro  

     Será que desta feita o muy amigo Sérgio Cabral não irá precisar inventar o salvador ponto facultativo para Eduardo Paes ?
     Marcelo Freixo é, por ora, um longínquo segundo, e em terceiro está Rodrigo Maia,  em aliança com Clarissa Garotinho.
     Freixo é o pré-candidato das esperanças que quase elegeram Fernando Gabeira há quatro anos atrás. Com o seu curriculum-vitae, e malgrado as dificuldades de furar o bloqueio da mídia, no contexto das alegadas vantagens institucionais do candidato à reeleição, terá ele condições de provocar não só o segundo turno, mas também as de vencer, como esteve ao alcance de Gabeira nos comícios anteriores de 2008 ?



( Fontes subsidiárias :International Herald Tribune, Folha de S.Paulo, O Globo )



[1] O teatro de sombras é expressão cultural da ilha de Java, no Indonésia.

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