A luta pela democracia na Rússia
Mais um
capítulo no recrudescimento do autoritarismo
na Federação Russa. Em fevereiro passado, quatro jovens mulheres, que
envergavam balaclavas, encenaram canção anti-Putin no altar da catedral de
Cristo Salvador.
O protesto, realizado pelo conjunto ‘Pussy Riot’[1] se inseria nas audaciosas
e por vezes até ofensivas manifestações
do passado inverno boreal. O que surpreendeu foi a sua brutal utilização
pelo regimen como advertência à oposição.Contra todas as expectativas, no mesmo cenário reservado para o ‘julgamento’ de Mikhail Khodorkovsky – condenado sob encomenda do Kremlin a um total de dezessete anos de cárcere – as frágeis moças, depois de detenção provisória de quatro meses, receberam extensão de pena de seis meses (até janeiro vindouro). E não se exclui que a dócil justiça de gospodin Putin lhes comine mais sete (bíblicos) anos de cadeia.
A princípio, o local da apresentação e os modos do conjunto rock-punk tinham sido vistos por muitos como desrespeitosos, inapropriados e até sacrílegos. No entanto, a pesada e desproporcional reação do poder acabou por calar fundo na opinião pública, alterando radicalmente a posição da sociedade.
Essa severa repressão vai sendo gradualmente registrada pela população como se se pretendesse introduzir na Rússia uma espécie de Talibã ortodoxo. No entender de um antigo consultor político e dono de galeria, Marat Guelman, ‘as autoridades estão cometendo um grande erro, ao vingar-se desse modo. A sociedade não apoiará isso.’
A audiência da última sexta-feira foi fechada para o público. A defesa depositou moção solicitando o testemunho na corte do Patriarca Cirilo I e de Vladimir Putin.
O esposo de Nadezhda Tolokonnikova, uma das presas, levara em audiência anterior Gera, a filha de quatro anos do casal. Esperava-se, então, que a acusada fosse liberada. Desta vez, ele a deixou em casa. Segundo o pai, a menina entende o que está acontecendo: ‘ Diz para todos que Putin pôs sua mãe em uma gaiola, e agora temos de lutar para que eles a deixem sair’.
Diante do precedente de Saddam Hussein contra os curdos, e a forma mais do que elástica em que a ditadura alauíta se reporta aos ‘terroristas estrangeiros’ como fautores dos distúrbios internos, semelha muito oportuna a assertiva do Presidente Barack Obama de que Assad ‘prestará contas se cometer o trágico erro’ de usá-las.
Brandir esse recurso extremo pode indicar a real situação em que se acha o regime, e a consequente tentação de apelar para o que se afigura impensável. Decerto não tranquiliza o informe de que o arsenal sírio desta arma vedada por convenção internacional venha a ser um dos maiores do mundo.
Crescentes
interrogações na campanha presidencial
A campanha presidencial democrata tem batido deveras na tecla da propaganda negativa quanto às desqualificações do adversario Mitt Romney (V. performance na Bain Capital e a sua falta de sensibilidade com o eleitor comum). Malgrado tais ingentes esforços, as pesquisas têm demonstrado à saciedade que as atitudes dos votantes privilegiam o estado da economia acima de tudo.
Com o indicador do desemprego ascendendo para 8,2 % , Obama paga o pato por suposto gerenciamento pouco satisfatório da economia no juízo do eleitorado. Nas últimas pesquisas, existem alarmas de não pequena monta. Dessarte, a atuação de Obama quanto à economia tem 39% de aprovação e 55% de desaprovação.
A corrida presidencial prossegue muito renhida, mas nos últimos dias indica outro sinal inquietante para o presidente em exercício. Antes, os totais dos dois contendores estavam bastante próximos, mas a vantagem era de Obama. Atualmente, 45% dos eleitores votariam em Romney se a eleição fosse agora, e 43% votariam por Obama.
Dessarte, se os competidores continuam com posições próximas, quem está na dianteira é o candidato republicano.
Há ainda informes das pesquisas que transmitem sinais de esperança para a postulação de Barack Obama. Mais da metade dos consultados na pesquisa acreditam na possibilidade de que o presidente consiga melhorar a situação agora (17%) ou no futuro mediato (34%).
Outro aspecto favorável está em que Obama se importe muito ou o bastante com os problemas do americano comum (63%), enquanto Romney recebe uma avaliação nesse sentido de 55%.
Por fim, o apoio republicano a Romney não tem a consistência daquele dado pelos democratas a Obama. Enquanto 52% dos democratas o apóiam fortemente, somente 29% dos republicanos sente o equivalente pelo ex-governador de Massachusetts.
Quiçá um dos grandes obstáculos a ser enfrentado por Barack Obama está expresso na assertiva de uma sua eleitora em 2008, Jenny Taylor (de Yerington, Nevada): “Obama fez muitas promessas e falhou em todas sem exceção. Palavras não custam nada, mas os fatos são preciosos”.
Esta queixa contra Obama é encontradiça nos jovens e em muitos eleitores comuns. Talvez ela seja demasiado severa, mas decerto o Presidente perdeu grande oportunidade de dizer ao que veio no primeiro biênio, quando dispunha de maioria nas duas Casas do Congresso. Depois da tunda (shellacking) de novembro de 2010, com a perda do controle na Casa de Representantes, as coisas ficaram muito mais difíceis.
Recusa de alguns
Tribunais de revelar os respectivos salários
É de esperar-se, portanto, que o Conselho Nacional da Justiça venha a requerer, como de direito, que todos os tribunais cumpram a lei e que o cidadão seja inteirado de o quanto ganham todos os magistrados sem exceção.
( Fontes:
International Herald Tribune, Folha de S. Paulo, O Globo )
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