A abertura dos Jogos Olímpicos
Apesar de
longa, a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres – a terceira que lá se
realiza – foi original e, na maior parte do tempo, interessante e motivadora. A Grã-Bretanha
tem muitos trunfos em personagens utilizáveis. A começar pela Rainha Elizabeth II, ladeada pelo atual agente 007, Daniel Craig , com a solenidade de Buckingam Palace amenizada pelos simpáticos corgis[1],
A direção de Danny Boyle para a grande cerimônia soube palmilhar um caminho
que enalteceu a velha Albion, sem cair na areia movediça das patriotadas.
Se o
sol de Sua Majestade já se põe, passados os dias do predomínio nos
mares, a Inglaterra tem ainda muito o que mostrar, para as grandes audiências
mundiais. Hilariante presença foi trazida pela figura de Mr Bean (Rowan Atkinson), um dos maiores cômicos britânicos que tão
bem sabe refletir a esperteza light do súdito classe C que circula em Mini Cooper e fura fila de liquidação anual. No show, todo enfarpelado,
brinca aborrecido com tecla e arranja jeito de passar à frente dos corredores
que evocam ‘Carruagens de Fogo’.O subtexto e o caráter simbólico do magnífico cenário, e da participação de tantos atores, atrizes e voluntários anônimos, poderia ter sido traduzido com maior verve e conhecimento pelo pessoal da Record. Infelizmente, em muitos aspectos, por falta de maior base, as explicações dos locutores da tevê que ganhou a exclusividade da cobertura das Olimpíadas de Londres, deixaram a desejar.
Considero, no entanto, um aspecto positivo que o virtual monopólio da Rede Globo tenha sido quebrado, o que tende a acirrar a competição, com maior proveito para o telespectador.
É bom não ouvir por uns tempos as agourantes estatísticas de Galvão Bueno, na narração das partidas.
Além do falatório dos políticos de Pindorama – que prometem mundos e fundos – vejamos como se comportam os nossos atletas. Terão a princípio de enfrentar o oba-oba da mídia e o incurável otimismo de cantar vitória antes do tempo.
Seria bom que se não esquecessem de que a nossa representação, por primeira vez, se diferencia das demais. Não é que daqui a quatro anos teremos de dizer ao que viemos, tanto em matéria de cerimônias, quanto nos resultados das provas ?
É interessante, a propósito, o quanto, na realidade, distam as competições olímpicas da máxima do Barão de Coubertin. Aruba, as Ilhas Virgens, etc. podem pensar que tudo se cinge à alegria de participar. Será este acaso o pensamento de americanos, chineses, alemães, ingleses e brasileiros ?...
Será que os robustos e bem-alimentados atletas da ditadura bielo-russa e do regime autoritário ucraniano terão presente a real situação de seus países?
Na próxima segunda-feira, em plenas olimpíadas, o Parlamento ucraniano realizará sessão especial, no intento de aprovar a polêmica iniciativa do governo pró-russo de tornar o idioma do poderoso vizinho ao norte também oficial em regiões da Ucrânia. A maioria pró-Yanukovich já havia votado esse instrumento que, em favorecendo a utilização oficial do russo, não trabalha decerto pelo reforço da língua nacional ucraniana.
O presidente da assembleia, Volodymyr M. Lytvyn, recusou-se, no entanto, a firmar o projeto de lei. Na nova sessão, se procurará persuadir o presidente Lytvyn a assinar a legislação. Se persistir na negativa, tentarão eleger um substituto, que se preste a tal formalidade contrária ao interesse da Nação ucraniana.
( Fontes: Folha
de S.Paulo, O Globo, International Herald Tribune )
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