Os líderes da República Popular da China , Hu Jintao, e dos Estados Unidos, Barack Obama chegaram a um acordo em Cingapura, a que se agregaram os demais países da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico). Como os 21 países da Apec equivalem a 60% das emissões mundiais, não restou alternativa ao Primeiro Ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, senão engolir afirmações anteriores, e associar-se ao combinado por Estados Unidos e China.
A decisão do anfitrião da Conferência de Copenhague foi decerto amarga, porém inevitável. Não há destreza verbal que possa mascarar o esvaziamento da Conferência das Nações Unidas, marcada para dezembro vindouro, em Copenhague, de que se esperavam determinações sérias, compulsórias – e não no estilo do Protocolo de Kyoto – sobre o desafio climático.
Por questões internas, que têm mais a ver com arraigada desconfiança de minorias e a atenção prioritária dispensada à reforma da saúde, o Congresso estadunidense não está em condições de produzir a tempo legislação climática consentânea com as metas revistas, diante da deterioração da situação ambiental do planeta.
Não estar Washington alinhado à urgência planetária da crise climática, não terá sido mal visto por muitos, como a RPC e outros mais, que se escondem convenientemente sob as longas sombras de EUA e China, para procrastinar o inadiável.
Negar o desafio climático e as consequências desastrosas que se abaterão sobre o planeta – como se sabe os efeitos climatéricos estão isentos de visto – é um fenômeno ainda bastante difundido entre os políticos e as comunidades que manipulam. Por certo, tem mais a ver com má-fé e oportunista estreiteza de vistas, do que com qualquer base de válido conhecimento. Haverá, outrossim, aquela franja extremista, em que burrice e fanatismo se interpenetram (como, v.g., no caso de os que ainda refutam o fato de o homem haver pisado na lua).
Se há uma questão que requer ação imediata – e não vazias táticas dilatórias – é a climática. O momento requer mais do que envergonhadas promessas, mas a ação de líderes com capacidade de agregar apoio. Ora, como a China teima em refugiar-se no grupo dos países em desenvolvimento – ela que se apresta a ultrapassar o Japão como a segunda potência econômica mundial – só restam os Estados Unidos. É de esperar-se, assim, que Barack Obama assuma o seu papel de vanguardeiro nos próximos meses cruciais, e afaste, uma vez por todas, os rumores de indecisão e eventual fraqueza que alguns grupos lhe atribuem.
Posição do Brasil.
Se bem que pareça, não é nota de pé de página a reação do Brasil. Reagindo a uma decisão com que não contavam – não teria o presidente Lula determinado que a chefia da delegação à Copenhague seria assumida pela poderosa Ministra-Chefa Dilma Rousseff ? – a presidência e quem responde pela Secretaria de Estado das Relações Exteriores asseguraram que será mantido o compromisso de reduzir as emissões de CO2 entre 36,1% a 38,9% até 2020.
Em sua passagem por Paris – para acertar com Sarkozy, segundo uns documento franco-brasileiro sobre o clima, e consoante outros, problemas relativos à concorrência aeronáutica a cargo da Pasta da Defesa – o Presidente Lula fez saber que telefonaria a Obama e Hu Jintao, “para cobrar comprometimento” na questão climática. Temia ele justamente o que viria a ocorrer: que os dois chegassem a entendimento bilateral levando em conta apenas as próprias realidades.
Pelo visto, “o cara” acreditou no que lhe disseram. Na respectiva hubris, parece haver sacado sobre fundos inexistentes.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
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