Com largo apoio, a Junta de Governadores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) exige que o Irã cesse de imediato a operação da usina de enriquecimento de urânio, que de início o regime dos ayatollahs, desrespeitando os próprios compromissos internacionais, mantivera secreta por um longo período.
Foi indubitável sucesso para a iniciativa da Administração Obama de conseguir amplo apoio internacional com vistas a coibir as ambições nucleares de Teerã. A resolução da AIEA, que igualmente expressa ‘sérias preocupações’ acerca dos potenciais aspectos militares do programa nuclear iraniano, obteve o crucial apoio de Rússia e China.
Com efeito, a censura da AIEA se insere dentro de estratégia perseguida pelo Presidente Barack Obama e, nesse sentido, os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas estão trabalhando em pacote de sanções a ser submetido àquele colegiado, se o Irã não atender ao prazo imposto de realizar progressos substanciais nesta questão até o final do presente ano.
O respeitado diretor-geral da Agência, Mohamed ElBaradej – que voluntariamente se apresta a concluir doze anos à testa da instituição – muito contribuíu para a severidade da censura ao declarar francamente que o Irã tudo fizera para impedir (‘stonewalled’) os investigadores da AIEA de obterem provas de que o país trabalhava em planejamento de armas nucleares, e que, por conseguinte, os esforços da Agência para expor a verdade dos fatos “tinham chegado a um ponto morto”.
A mudança de tom de ElBaradej representa tácito reconhecimento de que malogrou o seu empenho de por trás dos bastidores negociar um entendimento. No passado, o diretor-geral da AIEA sempre evitara repreender publicamente o governo iraniano pela sua persistente recusa de responder perguntas da instituição sobre trabalhos com armas nucleares, justamente para manter aberta a possibilidade de solução consensual.
Tais perguntas, apresentadas pela AIEA durante vários anos, dizem precipuamente respeito a quesitos sobre planos, simulações de computador, e outras provas de trabalhos que nada têm a ver com programas de planejamento nuclear para fins pacificos.
A resolução da AIEA recebeu 25 votos a favor, apenas três contra (Cuba, Malásia e Venezuela) e seis outros países se abstiveram (Brasil, Afeganistão, Egito, Paquistão, África do Sul e Turquia).
O sufrágio do Brasil não deve surpreender, pois se insere em longa prática de sistemático abstencionismo, praticado igualmente na área de direitos humanos. Conquanto tal postura, em casos como o do Sudão (Darfur) se afigure assumir posições não-condizentes com os valores de nosso país, ela tem a justificativa do trânsito acrescido que a continuada prática poderia ensejar.
Por outro lado, se as perspectivas de sanções mais pesadas contra o regime dos ayatollahs adquirem agora maior probabilidade, o indispensável apoio à uma eventual resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas de parte de Rússia e China não são favas contadas, malgrado o seu voto favorável à resolução da AIEA.
A Secretária de Estado Hillary Clinton aludiu à possibilidade de o Conselho estabelecer sanções desestruturadoras (‘crippling’) ao Irã, se vencer o prazo até o final do ano sem resposta satisfatória de Teerã. Outra estória sera convencer Moscou e Pequim – que, detendo o poder de veto, carecem de ser convencidas para que a resolução se concretize - a impor penalidades significativas a um regime com que tradicionalmente cultivam boas relações.
Por fim, Israel fez saber que não pretende realizar ação militar preventiva até o vencimento do prazo (‘deadline’) estabelecido pela administração Obama. Fica no ar, portanto, a possibilidade – ou o blefe – de que ação a exemplo da empreendida contra Saddam Hussein no passado faça ainda parte do planejamento de Tel-Aviv.
( Fonte: International Herald Tribune )
sábado, 28 de novembro de 2009
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