quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Guerra Aérea no Oriente Próximo


          Apesar dos esforços do presidente Mohamed Mursi, do Egito, da Secretária de Estado Hillary Clinton,  de Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas, e de outros países, com diferentes empenhos e influência, ainda permanece ativa a beligerância entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza. Como  a mais cursória das avaliações demonstrará o extremo desequilíbrio no número de mortos – 130 palestinos e cinco israelenses -  é a população civil de Gaza a maior vítima desta guerra aérea, no qual a preponderância tecnológica de Israel  esmaga os civis palestinos, transformados em carne de canhão para os guerreiros do Hamas, e de alvos colaterais para o incessante bombardeio, intento em destruir estoques dos rudimentares foguetes palestinos, a par de quadros militares dos senhores da Faixa de Gaza.
         Tudo começou com a eliminação do artilheiro-mor de Gaza,   Ahmed Jabari, cuja capacidade técnica, e entrosamento com o fornecedor iraniano, terá levado o governo Netanyahu ao lançamento do míssil ar-terra, decerto não com a consciência da reabertura das hostilidades – eis que, de uma forma ou de outra, elas estão sempre presentes – mas a certeza de provocar uma nova guerra.
         E o assassínio de Jabari reabriria as comportas infernais, com os incessantes bombardeios de Israel, que atingem indistintamente  supostos depósitos de armamentos, rede de túneis secretos, bases da administração do Hamas militar e civil, bancos, prédios com sucursais de noticias, e muitas residências e edifícios habitados por civis desarmados. Esses últimos alvos, sob a alegação de que o Hamas costuma esconder os seus agentes por trás de supostos escudos civis.
        Por outro lado, a artilharia do Hamas – cuja incessante atividade terá sido uma das motivações desta enésima guerra – tem procurado alvejar não só o sul israelense, objetivo costumeiro de um ódio persistente que a longa ocupação militar israelense trata de retro-alimentar dentro do infernal mecanismo, mas agora com patética efusão de mísseis. A tecnologia do Hamas, por cortesia de Teerã, o leva desta feita bastante além, transformando Tel-Aviv e Jerusalém em objetivos de foguetes de médio alcance. Sem embargo,  escudo tecnológico de Israel -  o chamado domo de ferro – tem por ora evitado que tais mísseis logrem atingir eventuais metas nos dois principais centros urbanos do Estado judeu.
       Com a ativa participação da Secretária Hillary, os esforços do Presidente Mursy, do Egito, e do Secretário-Geral Ban-Kimoon, ganham maior consistência. As intenções de Netanyahu (e do Tsahal, o exército israelense) de invasão terreste semelham afastar-se.
       Cumpre agora negociar o estabelecimento do cessar-fogo, que o mútuo ódio entre ocupante israelense e resistente palestino não há de facilitar. Se Mursy tem acesso direto aos radicais do Hamas e terá alguma voz com  Khaled Meshaal, o atual chefe da facção que domina Gaza, a Secretária Hillary não tem contato direto com esse grupo havido como terrorista. A intermediação se torna menos fácil em contatos com Mahmoud Abbas, da Autoridade Palestina (cuja influência está em baixa neste conflituoso ambiente), o próprio Mursy e o Primeiro Ministro Netanyahu, cuja postura é sempre uma incógnita, embora como político calejado conheça os respectivos limites.
       O gabinete israelense  ter-se-á oposto ao estabelecimento do cessar-fogo, sem a obtenção de garantias de parte de Gaza no que tange à imposição de uma trégua. Como o presidente Barack Obama aludira anteriormente, a atual crise decorre também do constante acosso pela rudimentar (mas eventualmente letal) tecnologia missilística de parte do Hamas, notadamente ao sul israelense, assaz próximo das bases lançadoras da Faixa de Gaza, ora dominada pelo grupo mais radical na sua oposição a Israel.
        Nesse contexto, Netanyahu brecou o estabelecimento do cessar-fogo sem quaisquer garantias no que respeita à atividade do Hamas. De toda maneira, quer venha a ser imposta ou não, basta cotejar as posturas respectivas – tanto de Gaza, quanto de Tel-Aviv – qualquer trégua só terá alguma possibilidade de maior eficácia se houver uma abertura de parte a parte, e notadamente de Israel, que é a potência militar ocupante. Enquanto as coisas permanecerem como efetivamente estão, qualquer acordo estará escrito nas areias do deserto.
        Nesse quadro, voltamos sempre ao velho dito – só a paz constrói, e a justiça é a única estrada que pode abrir as portas dessa cidade, até hoje mítica, do Oriente Próximo.

 

(Fontes:  Folha de S. Paulo, O Globo, International Herald Tribune )

Um comentário:

Maria Dalila Bohrer disse...

O que mais preocupa neste quadro permanente de guerra entre Israel e o Hamas é que, apesar das negociações da Hillary, o Obama nunca ousará se indispor com Israel. Existe mto dinheiro de judeus aplicados nos Estados Unidos.
Obama venceu mas com pouca vantagem. E um presidente fragilizado atualmente que não tem condições de enfrentar esta problema de frente.