A Caravana de Zelaya
Depois da terceira proposta de conciliação, apresentada pelo mediador Oscar Arias, rejeitada pelo governo Roberto Micheletti, o presidente deposto, José Manuel Zelaya, à frente de uma caravana, resolveu tentar a entrada por terra em Honduras. O comboio deixou a Embaixada de Honduras em Manágua no meio da tarde de ontem, rumo a Esteli (160km ao norte da capital), cerca de metade do trajeto até a fronteira.
O ingresso em Honduras seria pelas cidades nicaraguenses de Ocotal e Somoto, que são fronteiriças. A ideia seria atravessar a fronteira a pé, na companhia de milhares de simpatizantes.
Esta será a segunda tentativa de Zelaya de regressar ao país (a primeira, via aérea, não pôde concretizar-se, porque a aeronave não recebeu permissão de pouso). Ignora-se qual será a atitude do governo Micheletti. Tropas militares estariam sendo deslocadas para guarnecer a fronteira.
Anteriormente, Micheletti prometera deter Zelaya, na hipótese de que ele adentrasse Honduras. É acusado de dezoito crimes vinculados à tentativa de promover consulta popular sobre Assembleia Constituinte que a Suprema Corte e o Congresso hondurenhos reputaram ilegal.
Há visível preocupação quanto aos eventuais desenvolvimentos do regresso antecipado de José Manuel Zelaya. O secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza encareceu ontem tanto Zelaya, quanto o governo golpista, que considerem positivamente a citada proposta de acordo, feita pelo mediador Oscar Arias.
Também os Estados Unidos apelaram por um acordo. Foram, de resto, os únicos a criticarem abertamente a tentativa de Zelaya. A esse propósito, o Departamento de Estado considerou imprudente qualquer ação de Zelaya ou de “outros países” (óbvia alusão a Nicarágua e Venezuela) que possa aumentar os riscos de eventual violência.
O Presidente Barack Obama tem sofrido pressões do partido republicano, que é contrário a sanções a Honduras, sob o argumento de que o golpe contra Zelaya foi um freio ao avanço chavista na região.
Segundo se depreende de comentários de chanceleres latino-americanos, a par da União Européia, somente através de pressão estadunidense seria possível levar as duas facções hondurenhas a uma composição. Nessa eventualidade, se sairia do negativismo que tem assinalado sobretudo as reações do governo Roberto Micheletti às propostas de mediação do Presidente Oscar Arias.
Lucy Bloch
Faleceu no começo da tarde de ontem, 23 de julho, Lucy Bloch, que foi casada com Adolpho Bloch por quarenta anos. Dele se separou judicialmente nos anos oitenta.
Nascida em Rio Grande, RS, em 7 de junho de 1909, completara cem anos de vida há pouco mais de um mês. Lucy Bloch teve, sobretudo dos anos cinquenta aos anos setenta, marcada presença profissional, política e social. Esposa de Adolpho, participou intensamente, como fundadora, da formulação e lançamento da revista Manchete, bem como das demais publicações do grupo Bloch Editores. Foi diretora da revista Joia e colaborou na implantação das diversas sedes regionais e internacionais da Manchete, com ênfase em Brasília, São Paulo, Paris e Lisboa. Foi a primeira diretora de um órgão nacional de turismo, para tanto nomeada pelo Presidente João Goulart. Manteve relações de amizade com diversos brasileiros ilustres, como o Presidente Juscelino Kubitschek, o presidente Tancredo Neves, o Governador Magalhães Pinto e inúmeros expoentes da intelligentsia brasileira, entre intelectuais, escritores, artistas, pintores e escultores. Das suas relações contemporâneas, a única que permanece em atividade é o arquiteto Oscar Niemeyer.
Nos anos iniciais que se seguiram ao golpe militar, houve uma associação informal de apoio aos resistentes ao regime, cujas palavras título formavam o acrônimo Luci, em homenagem ao seu trabalho naqueles tempos difíceis.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
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2 comentários:
Minhas recordações de tia Lucy, da época de menino, são de uma senhora distinta, inteligente e com personalidade marcante (mesmo intimidadora). Embora não a visse há diversos anos, seu desaparecimento me entristeceu muito, como uma parte de minha infância que se foi. Minhas condolências à família e amigos.
A morte de Tia Lucy desperta em mim boas lembrancas da minha infancia. Ela era uma pessoa querida dos meus pais, jah falecidos (David e Nelly Rubinstein)e muito adimirada por mim e meus irmaos. Falta ao Brasil de hoje mulheres como ela, sempre defensora das coisas brasileiras, tanto no Brasil como aqui no exterior.
Condolencias a familia.
Gilberto Rubinstein.
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