A crise do Senado Federal já se estende há bastante tempo. É um processo que continua. Já não desperta mais qualquer estranheza que se recomende a sua supressão. À sucessão de escândalos – passagens aéreas, multiplicação de diretorias, e agora os atos secretos – essa casa outrora respeitada não articula resposta crível e merecedora de respeito.
Infelizmente, por mais que se intente buscar salvadora centelha de eficácia no punhado dos que se acreditam justos dentre a caterva dos oitenta e um, tal se afigura mais do que tarefa ingrata. Pois é a inércia a tática do Senado. Em outras palavras, será a velha política joanina da contemporização e do marasmo, na esperança matreira de que as borrascas passam, e os réprobos de hoje serão os poderosos de amanhã.
Nesse contexto de solerte apatia, é mais do que pertinente a pergunta do jornalista Janio de Freitas hoje na Folha: “não há ninguém no Senado capaz da iniciativa de propor, digamos, uma corrente, uma frente de resistência à manobra, que progride depressa, que transforma todos os abusos, as improbidades, o peculato em meros deslizes administrativos ?”
No blog de sabado, treze de junho, me reportei a um grupo suprapartidário, que se reuniria em comissão e cobraria da Mesa Diretora punições aos envolvidos na questão dos atos secretos. Referi-me, então a Pedro Simon e a Jarbas Vasconcelos, que Janio de Freitas igualmente menciona, a par de Aloizio Mercadante. A esses se poderia agregar Christovam Buarque e Eduardo Matarazzo Suplicy.
A timidez não cabe em tais comissões, em que se ingressa menos por posições eventuais do que por estatura moral e retidão parlamentar. Não é questão de número, eis que não se trata de massa de manobra, mas sim de conduzir, pela autoridade ética, o plenário de inconspícuos e de anônimos.
Se a hora é de ação, o atroador silêncio desses poucos há de consternar e revoltar. Porque do outro lado, existem indicações de que examinam, com a seriedade de que são capazes, a possibilidade de ações que dêem a impressão de energia e objetividade.
Com efeito, o Presidente do Senado, José Sarney, e o líder do PMDB, Renan Calheiros, vendo-se ameaçados, terão decidido, segundo a imprensa, que precisam reagir com presteza.
E com quais fogos de artifício o antes amnésico Senador Sarney tenciona virar o jogo, e lançar a balbúrdia nas hostes adversárias ?
Sua Excelência usaria a tribuna para anunciar medidas de impacto que podem incluir o afastamento de Alexandre Gazineo da Diretoria-Geral do Senado !
E quem é Alexandre Gazineo ? É funcionário administrativo, que sucedeu a Agaciel Maia, e que, como diretor-adjunto, assinou a maior parte dos atos secretos que deixaram de ser publicados.
Custa a crer que Sarney e Renan, parlamentares tarimbados, julguem politicamente recomendável essa bisonha manobra.
Os ditos atos secretos, que ninguém se iluda. O sigilo, se funcionou, terá sido extra muros. Praticados dentro da casa, nenhum senador deles pode invocar desconhecimento. Se estivesse entre os poucos que de tais atos não se locupletou, terá sido de qualquer forma inteirado da existência de tal ilegalidade.
terça-feira, 16 de junho de 2009
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Um comentário:
A permanente simplificação, por parte de todos os políticos, de atos cada vez mais imorais,resulta em uma desilusão que sufoca qualquer possibilidade de indignaçào e de ação.
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