Os acontecimentos no Senado, a série de escândalos publicados pela imprensa, a suposta ênfase dos meios de comunicação em notícias ditas negativas, tudo isso representaria visão distorcida da realidade e prejudicaria a luta contra os efeitos da crise financeira internacional ?
Dando sequência às suas declarações na contramão da opinião pública, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao grupo RBS, afirmou: “não critico a imprensa por conta do Senado. É pelo ‘denuncismo desvairado’ que às vezes não tem retorno. Há uma prevalência de desgraça sobre as coisas boas. A nação precisa de boas notícias, de autoestima para poder vencer esse embate com a crise internacional”.
O Presidente Lula parece não ter pejo de valer-se dessa mesma imprensa cujo papel ele censura, para repetir tais inanidades, tais bisonhas deformações da realidade. Ao ler a sua intervenção acima – que não difere na essência da apressada fala no Cazaquistão e de outras anteriores – semelha que se nos depara, por obra de algum pesquisador, uma daquelas frases de nossos generais-presidentes, em que se responsabilizava o mensageiro de alegadas notícias ruins, como se apontar para fatos concretos se confundisse com cumplicidade na sua existência.
É deplorável que o Primeiro Magistrado da Nação se preste a tal papel de coro, buscando acudir ao atual amigo Sarney, no quadro da grande aliança com o PMDB de Renan Calheiros, enquanto desfaz dos esforços da sociedade em prol da recuperação do Senado.
Assim como a fábula de Esopo nos ensina que o abuso das falsas declarações é receita de desastre futuro, porque quando chegar a hora da onça beber água, os apelos do arauto cairão sobre ouvidos endurecidos por demasiadas imposturas anteriores, seria aconselhável que o Presidente Lula respeitasse o povo brasileiro, que não é bobo nem tolo.
Desmoralizado, Sarney tenta apegar-se ao cargo, como se a sua permanência vindicasse a própria tática da negação, e lhe possibilitasse afrontar a tormenta, que ao fim e ao cabo acabaria por amainar. Se ele já ouviu o ritual pedido de demissão, a exemplo de crises pregressas, feito pelo Senador Pedro Simon, cabe a pergunta do que mais ainda acredita padecer, para que afinal se conscientize da necessária formalidade, eis que a sua presidência se acha politica e irremediavelmente condenada?
Pelas suas ligações não só com Agaciel Maia, senão com todas as irregularidades que, penosamente, assistimos jogadas à sua porta – inda que, em muitos casos, delas não seja diretamente responsável -, cresce seja no Senado, seja no mundo real a convicção de que o Presidente Sarney não tem condições pessoais e políticas para enfrentar a crise da única forma que se afigura possivel neste momento. Já passou a hora das declarações bombásticas – esta crise não é minha ! -, das procrastinações, das sovadas promessas do ‘doa a quem doer’.
Aqui não se trata de tapar sol com peneira. Que credibilidade o senhor e o seu grupo possuem se prometerem lutar contra a impunidade ?
O Senado Federal é hoje a imagem do desgoverno, da falta de respeito com a cidadania que o elegeu. A instituição está obviamente comprometida e não será a gente do PMDB, com o seu líder, Renan Calheiros, e o atual Presidente, José Sarney, que hão de passar para o Povo brasileiro a impressão de que realmente estão animados do propósito de pôr um fim à impunidade.
Há de chegar o tempo da refundação do Senado.
sábado, 27 de junho de 2009
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