A situação do Ministro Carlos Minc se torna cada vez mais precária. À primeira vista, não poderia ser maior o seu isolamento político. De um lado, o próprio comportamento, ao invés de tecer alianças, tem acirrado oposições e, o que é pior, vem dando motivo a que os verdadeiros ofensores do meio ambiente, se apresentem como ofendidos, e peçam a sua cabeça ao Presidente; e de outro, Luiz Inácio Lula da Silva, que Minc julgara pudesse tomar-lhe a defesa, volta a considerá-lo como o responsável pelas dificuldades.
A par disso, é de assinalar-se a geral debilidade do campo ambientalista. Se à posição do Ministro Minc no Ministério não se dá vida longa, é consternadora a atual fraqueza política dos líderes ambientalistas.
No Senado, a Senadora Marina Silva assiste, impotente, a mais um desastre anunciado, com a aprovação da MP 458, que permite a imoral legalização de terras griladas na Amazônia com até 1500 hectares. A relatora ( presidente da Confederação Nacional da Agricultura) Senadora Kátia Abreu (DEM-Tocantins) canta vitória. Voluntária do Greenpeace invade Congresso, portando a fantasia da Senadora como Miss Desmatamento. Se os seguranças lograram expulsá-la, a imagem será mais difícil de descoser, diante desta estranha ‘regularização fundiária na floresta’ que permite que o governo federal venda as terras, sem licitação, a posseiros e grileiros que as ocupavam até 2004.
Como a Cassandra da mitologia, condenada a prever o futuro, em meio à geral descrença, a Senadora do Acre anunciou o descalabro com muita antecedência. Mas nenhuma aliança foi costurada, nenhuma intervenção de Senadores foi conseguida, para contra-arrestar a aprovação da MP 458 na sua forma emendada, e sumamente prejudicial ao meio ambiente amazônico.
Se as alianças feitas pelo Ministro Minc, com o boné da Contag, são extra-parlamentares, cabe perguntar o que fazem o Partido Verde e os demais líderes ambientalistas, que não reagem, não se manifestam, nem utilizam o espaço livre televisivo para denunciar o ataque não aos seus interesses, mas àqueles do Brasil. Será que cabem só a estrangeiros – e com as limitações inerentes – os questionamentos e as advertências, diante da falta de política coerente e coordenada ?
A inabilidade do Ministro Carlos Minc, que, a despeito da justiça de sua causa, que é a do Brasil, a enfraqueceu com as próprias atitudes e a postura midiática, proporciona aos ruralistas e aos desmatadores a oportunidade de se apresentarem como ofendidos, a ponto de a Senadora Katia Abreu exigir-lhe a cabeça ao Presidente Lula.
Todo este patético isolamento sublinha com traços cruéis a incompetência do campo ambientalista, que assiste impotente à investida de ruralistas, oportunistas e desmatadores contra um meio ambiente órfão de líderes.
Só um tolo verá no Presidente Lula um defensor da causa ambientalista. O compromisso com o desenvolvimento sustentável, que vitimou a Chico Mendes e outros militantes do PT, aparece apenas nas notas de secretário partidário sem qualquer influência no poder. Lula já esqueceu há muito o que significa tal compromisso, e as reivindicações de Blairo Maggi, Kátia Abreu et al. ele as coloca no mesmo nível, se tanto, daquelas de seu Ministro do Meio Ambiente. O Primeiro Mandatário não distingue entre o interesse do Brasil, que é o de administrar o nosso maior recurso, e aquele dos açodados desmatadores e destruidores de nossas riquezas.
Como não lê, não verá os avisos da importância da hora para o Brasil, como nos dizem vozes estrangeiras (V. entrevista de Vinod Thomas), mas não por isso menos
verazes e oportunas.
Se Carlos Minc parece destinado à fritura irremediável, apesar dos esforços de seu protetor, o Governador Sérgio Cabral (PMDB), já se pode adiantar que, com a indiferença do Presidente Lula, é difícil encarar com algum otimismo qualquer designação para a Pasta, por mais hábil e competente que seja o escolhido.
Como assinalou o ex-Ministro Gustavo Krause (1995-1998) a tarefa é de “enorme solidão política”. No entender de Krause, Ministro de FHC, “ é um gestor que trata de interesses que estão por vir. Faz adversários à vista e aliados a prazo.”
E, no entanto, o ministro do meio ambiente deveria ser encarado como um dos mais importantes. Dada a força dos interesses contrastantes, o seu êxito está estreitamente vinculado ao apoio do Presidente da República. Se existente – o que no momento não se configura – tudo o mais se torna acessório.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
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