Com a sua corajosa coluna, Eliane Cantanhêde (Estadão) torna mais fácil a leitura dessa pletora de verbas no Congresso: "eleições e jogos de futebol não se ganham de véspera, mas pelo andar da carruagem , dos cargos e emendas extras, os dois grandes vencedores na disputa de amanhã pelo comando de Câmara e Senado serão o presidente Jair Bolsonaro e o Senador Davi Alcolumbre DEM-AP) O grande derrotado tende a ser o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apesar de brilhante papel na longa presidência da Câmara - iniciado com profuso choro - mas tropeçou na reta final (segundo a colunista)."
" Na mesma semana em que o governo anunciou o maior rombo das contas públicas da história, com um déficit de R$ 743,1bi (ou 10% do PIB). Por outro lado, o Planalto despejou R$ 3 bilhões em recursos "extras" e as conhecidas emendas parlamentares, destinados a 250 deputados e 35 senadores.
"Dinheiro para prorrogar o auxílio emergencial não há e fórmulas para ampliar a abrangência e o valor do Bolsa Família ainda não estão no ar, mas o site Metrópoles revelou gastos de R$ 2,2 milhões com chicletes e R$ 15,6 milhões com leite condensado, para dar "energia" aos soldados. Assim Bolsonaro, sendo ele próprio, reage atacando a imprensa e contaminando o ar com palavrões. Dessarte, é sobre os escombros de suas promessas de 2018 que o presidente vai construindo a sustentação de seu governo, de suas ideias, projetos e pautas demolidoras. Foi assim que ele moldou uma vitória e tanto no Congresso, onde desfilou por 28 anos, A gente achava que não tinha aprendido nada, mas aprendeu tudo direitinho."
"No Senado, Alcolumbre escolheu o favorito Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o levou de bandeja para Bolsonaro, e viabilizou sua vitória. (...) Bolsonaro perdeu a guerra da primeira vacina e da primeira foto para Joao Doria, mas ri à toa diante da perspectiva de vitória para Rodrigo Maia, candidato a ser o grande derrotado amanhã. Uma pena. Em três mandatos consecutivos na Presidência da Câmara, ele se superou, galgou vários degraus na hierarquia política e assumiu a cara e a voz da oposição a Bolsonaro."
A Cantanhêde na sua informada coluna não elimina possíveis surpresas (V. Severino Cavalcanti em 2005). No entanto, é forçoso reconhecer "que Maia blefou com a reeleição no STF, demorou a definir um candidato e dessarte superestimou suas armas diante do arsenal do Planalto e, assim ameaçou sua posição de ponte entre líderes e partidos de centro para 2022.
"Ele porem tem 50 anos e oxigênio político nesse deserto de homens e ideias. O mundo dá voltas, a política é como nuvem (Magalhães Pinto) e o Brasil precisa,mais do que leite condensado e chiclete, de seus principais quadros para enfrentar o que está aí."
( Fonte: O Estado de S. Paulo, coluna da Cantanhêde)