O PCdoB se tem valido de forma questionável da oportunidade de sua vez na propaganda política obrigatória na tevê para tentar rebater acusações contra militantes seus – em especial, o Ministro do Esporte, Orlando Silva – envolvidos em suspeitas de desvio de recursos públicos para fins privados ou pertinentes à sua indevida utilização pelo caixa partidário.
Não se pejam de ignorar, pelo menos considerações éticas, ao se valerem desse espaço de publicidade na mídia em horário nobre. As assertivas, vindas da direção gremial e do próprio ilustre acusado, navegam em negações genéricas e referências apaixonadas ao que acreditam seja a reputação da agremiação. Não é crível de resto que a legislação em tela seja consentânea a tal instrumentalização, eis que o escopo precípuo da lei será o de apresentar o programa do partido, e não o da defesa contra increpadas falcatruas (para tanto existem meios apropriados, que abrangem inclusive o contraditório processual).
Por falar em utilização indevida, Anita Leocádia, filha de Luis Carlos Prestes e Olga Benário, verberou em carta a utilização indevida na propaganda partidária do PCdoB do nome de seus pais. Que uma associação cismática a que nunca pertenceram seja o Cavaleiro da Esperança, seja a heróica vítima do nazismo (com a abominável cumplicidade do Estado Novo) se haja prevalecido de suas imagens sequer carece de ulterior condenação, por bem espelhar o caráter antiético desse gritante desrespeito à inteligência e ao respeito públicos.
Quanto à permanência de Orlando Silva no gabinete,ela é um desserviço não só aos supostos princípios éticos da faxina da Presidente Dilma Rousseff, como ao próprio partido a que pertence.
Aceita a denúncia pelo Supremo Tribunal Federal, e aberto o processo que lhe é movido pelo Ministério Público, grita aos céus que Orlando Silva não tem mais condições políticas de responder pela pasta do Esporte, fragilizado como está, em momento da importância do presente, com as difíceis negociações em curso com a FIFA (cujos ávidos representantes agem como se fossem agentes de potência imperial, com prerrogativas acima da soberania do país anfitrião).
É mais do que hora de terminar com essa opera buffa. Velhas gratidões não devem ser pagas com o público prejuízo. Ou o Ministro Silva se capacita de que a sua hora de ministrança já se esvaíu em termos do interesse do governo de dona Dilma – que é pensado servir à coisa pública – ou a Presidenta se arma da coragem que deveria ser atributo de quem está na mais alta curul pela vontade da Nação, e convoca para sucedê-lo alguém que esteja em condições de assumir tal responsabilidade.
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