O Fim revisto de Kaddafi
As imagens da captura do ditador, machucado mas em pé e alerta, e as liberadas seguintes, com o corpo cercado das habituais testemunhas da ocorrência, levantam mais do que suspicácias de sua execução.
Não convence a versão de que, uma vez retirado do cano de drenagem[1], ele teria sido posto em veículo para transportá-lo ao hospital, falecendo antes de chegar ao destino. A pergunta que se impõe é como se explica a súbita transformação de alguém que, cercado pela milícia rebelde, anda sem qualquer ajuda. Se parece sobressaltado, é a reação previsível de quem está cercado e em poder de seus inimigos jurados, aqueles que chamara de ‘ratos’ em suas arengas. E, não obstante, eis que no caminho do nosocômio ele morre.A estória semelha deveras estranha. Parece que os videos dos celulares cobrem a captura, depois a manipulação de um Kaddafi talvez ainda vivo mas com muitos feridas, e mais tarde a do cadáver exposto, com rosto desfigurado e ensaguentado, tórax e parte do abdomen desnudos, com marcas de várias feridas de bala, rodeado por um grupo de rebeldes.
Há indícios bastantes de um corte provável neste macabro filme. A despeito das negativas do Conselho Nacional de Transição, paira a suspeita da execução sumária.
Por outro lado, e de forma ainda mais estranha, o Maracanã só veria o nosso time na final !
Não sei se o tratamento de Herr Blatter e asseclas à CBD de Ricardo Teixeira e ao enfraquecido ministério do esporte do Brasil seja picuínha pelos percalços da negociação com a presidenta. De qualquer forma, fica difícil de engulir a dose de mesquinharias, que nada têm a ver com país da nossa projeção futebolística, e que vai submeter a seleção a sete viagens, inclusive a dois jogos em Fortaleza !
Não é o procedimento usual reservado aos donos da casa. Ou será que é castigo pela demagogia lulista de espalhar a Copa por todo o Brasil ?
A novela do ministério do esporte
Se não há provas contundentes, sobram as suspeitas e os indícios de que o ministério do esporte tem sido utilizado como caixa de partido, pela óbvia e sempre mais escandalosa porta das ditas Organizações Não-Governamentais (que, neste caso e no de outros, semelham existir apenas para coletar recursos públicos para dúbias destinações).
A própria crônica da CGU tentar reaver a erva estatal é outro relato que se confunde sempre mais com a luta contra a corrupção. E o dinheiro do Erário, que se distribui nessas organizações de fachada com grande facilidade, não costuma voltar ao aprisco com a mesma presteza.
Depois da duvidosa e questionável utilização da propaganda partidária obrigatória para a defesa in extremis do comportamento do PCdoB – com declarações dos hierarcas dessa entidade dissidente que busca engalonar-se dos feitos do Pecebão -, agora o governo Dilma Rousseff é confrontado com ameaças da impensável saída do partido do ministério.
Talvez dona Dilma fale demais e pense que com tantos recados e contrastantes assertivas transmita impressão de autoridade.
Na verdade, os indícios abundam a tornarem insustentável a permanência de Orlando Silva e do PCdoB no ministério.
Há limite para tudo, e no que respeita ao ministro e a agremiação sobre que pesam tantos indícios de malfeitos, para que se possa admitir seja a continuação de um e de outro.
Como conviver com estrutura e representante, com os recursos públicos saindo pelo ralo, e justamente e a fortiori quando assumimos a responsabilidade de realizar a Copa do Mundo de 2014 ?
O sermão intempestivo
Ainda na África, a presidenta Dilma Rousseff julgou oportuno censurar o povo líbio pela sua comemoração da morte do ditador Kaddafi.
Entrou em seara delicada, e se tivesse assessores na matéria com maior afirmação, teria preferido ser menos intempestiva.Depois da longa espera no reconhecimento do Conselho Nacional de Transição, apegando-se ao regime desmoralizado e repudiado do coronel, a administração Rousseff semelha nada haver entendido da revolta do povo líbio que ansiava livrar-se da tirania do caricato déspota, com a sua esteira de crimes, massacres, vilanias et al.
Então não se pode comemorar a partida definitiva de um chefe de estado ?
Na hubris do poder novo, a presidenta acredita que pode dizer o que bem entende. A diplomacia ensina, no entanto, que não se deve dispensar lições a outros povos, sobretudo nas circunstâncias presentes.
Tudo isso tenderá a aumentar, entre outras coisas, a distância e o consequente chá de cadeira para as nossas eficientes empreiteiras, se no futuro aparecerem por Trípoli e adjacências. Se tivermos presentes os recursos dos herdeiros do defunto regime de Kaddafi tais atitudes deveriam ser mais refletidas.
[1] Aqui cabe uma correção. O blog de ontem comentara que o cenário de sua queda se diferençava das de outros líderes árabes. Hoje se descobre que se assemelha ao esconderijo de Saddam Hussein, embora as circunstâncias sejam bastante diversas, eis que, tangido pelos adversários, Kaddafi procurava evitar o aprisionamento.
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