A CNN acaba de reportar o passamento do Coronel Muammar Kaddafi. A luta na sua cidade natal de Sirte, que se arrastara por semanas, nos últimos indicava que a resistência das forças legalistas estava em vias de extinção. Em verdade, ela se resumia a atiradores isolados (snipers), sem o poder de fogo de bolsões anteriores.
Ainda que o Conselho Nacional de Transição haja confirmado a morte do antigo líder da Jamairiya, dado o caráter recentíssimo da revelação, persistem ainda muitas dúvidas sobre as circunstâncias do óbito.Segunda uma das versões, teria sido individuado o local onde ele se encontrava. Após a invasão pelos rebeldes, no tiroteio subsequente ele teria sido atingido e, em seguida, liquidado pelo grupo.
A esse respeito, circula video de celular, com imagens bastante sofríveis, em que há um homem com a cabeça ensaguentada. Embora não seja possível determinar se está morto ou não, a maneira com que o corpo é manipulado indica pelo menos não ter mais condições de lutar.
A outra versão seria a de que avião da OTAN teria bombardeado comboio em que o antigo ditador se encontrava. Ferido no ataque, teria sido abatido em continuação por pelotão rebelde.
A alegria dos integrantes do CNT e do seu porta-voz leva a supor que, de uma forma ou de outra, Muammar Kaddafi foi liquidado. O fim do personagem carismático desfere por certo golpe terminal na resistência, que nos últimos dias, com a queda de Bani Walid, se cingia à Sirte.
Esta cidade costeira, que tem longa história – como assinalei anteriormente Heródoto a menciona em relato acerca da antiga Líbia – era o berço natal de Kaddafi.
O ditador recusara as várias ofertas que lhe foram feitas de asilo. Uma das derradeiras foi feita pelo Presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
Kaddafi, pela longa domínação (desde 1969, quando depôs o rei Idris, em tratamento médico no exterior) terá demonstrado o quanto procede a afirmação de Lord Acton sobre a capacidade de corrupção do exercício absoluto do poder.
As suas diversas idiossincrasias levaram-no a tornar-se, antes da revolução deflagrada pelo verdureiro Mohamed Bouazizi, uma figura que podia oscilar entre a crueldade extrema, os comportamentos caricatos, e súbitos acessos de generosidade.
Não desmentiu, no entanto, a sua coragem e disposição de luta. Não foi encontrado em nenhum bueiro, como Saddam Hussein, não tentou escapar vestido de mulher, como o primeiro ministro Nuri al-Said, do rei Feisal, do Iraque, nem acenou qualquer veleidade de asilar-se em algum país africano que não aceite a autoridade do TPI.
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