quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Notícias do Front (XX)

                                

O Ministro da Vez ?

     Ontem seria o dia em que o Ministro Orlando Silva, dos Esportes, firmaria a sua posição ou a comprometeria.
    Em sala de comissão repleta de militantes do PCdoB, com entonação locutorial, o Ministro intentou provar a respectiva inocência. No ambiente que ora caracteriza a Câmara, ele pôde navegar em ambiente de simpatia e mesmo compreensão.
    O próprio Líder do Governo Deputado Cândido Vaccarezza (PT), em declarações que não destoam de quem prestara solidariedade à deputada Jaqueline Roriz (PMN), anunciou a disposição partidária de excluir qualquer possibilidade de contraditório na Câmara com respeito às denúncias de envolvimento do Ministro do Esporte em propina.  Sentado na mesa da presidência, Vaccarezza fez veemente defesa de Silva,  chegando  a afirmar que ‘até agora não saíu na imprensa nada que desabone a conduta do ministro’.
   Dada a natureza das incriminações veiculadas pela revista Veja, não surpreende que as partes envolvidas, inclusive os acusadores, não tenham exatamente antecedentes angelicais. Contudo até o momento, o principal acusador, o policial João Dias, reunido com a oposição – e que se disse ameaçado –  não apresentou provas.
   Embora existam R$ 49,19 milhões de recursos que o Governo cobra de volta – supostamente desviados de convênios com o Ministério do Esporte desde 2006 -, as denúncias carecem de ser consubstanciadas por provas. Enquanto ficar no bate-boca, a presunção de inocência do inculpado continua.
   A propósito, é de estranhar e muito a farra das ONGs, que semelham ser o conduto preferido para os ‘malfeitos’.

  
E a Faxina, dona Dilma ?
 

    Essa operação publicitária da chamada ‘faxina’, que o PT repudia e a presidenta, em  jogo complexo, que pressuporia consumada habilidade, a um tempo enjeita, e por outro, embrulha no encabulado amuo com os ditos ‘malfeitos’, vem até o presente rendendo pingue popularidade para o respectivo governo.
    Distinguir-se – sem o reconhecer – da anterior administração do criador Lula da Silva é procedimento ambíguo, e arriscado politicamente.
   Com efeito, a hora da verdade está à espreita, e acabará por impor-se.    Ninguém, por mais destro que seja, pode servir a dois senhores.    E o Povo, a que se pensaria iludir, de bobo não tem nada.
   Dona Dilma, se ainda não abriu o próprio jogo, precipitou-se um tanto nos elogios ao Ministro Orlando Silva. Para quem tem a responsabilidade da última palavra, discrição não é só relevante mas compulsória, pois não se deve borrifar de encômios quem ainda carece de mostrar que está sendo indevidamente acusado.


A Libertação do Refém Israelense

    Traindo na tez e na aparência emaciada, cadavérica mesmo, o longo e enfurnado cativeiro, inimigo do sol e de quem lhe teme as ameaças, o soldado-refém Gilad Shalit surgiu como ambulante metáfora do poder de Israel e de sua congênita fraqueza.
    Depois de interrogado por autoridades do novo Egito, em provação inesperada e de dubio gosto, na qual  mostrara inteireza psíquica, Shalit  foi depois apresentado às potestades israelenses, inclusive a  Benjamin Netanyahu, Primeiro Ministro, que batera o martelo em uma troca cujo desequilíbrio absurdo é o espelho implacável da força israelense e de suas limitações.
    Se a sua saúde mental é satisfatória, o seu estado físico induz à preocupação. Teve dificuldade em entrar no veículo militar que o levou à base aérea de Tel Nof. No helicóptero, passou mal, precisando de balão de oxigênio por instantes.
    Os médicos  classificaram como ‘satisfatório’ o estado de saúde de Shalit. Depois  de passar na base, em atmosfera considerada de mau-gosto,   pelas condecoradas autoridades militares, teria enfim o abraço do pai, o incansável Noam, e a seguir, longe das câmeras, o reencontro com a mãe, a reservada Aviva.        
    No retorno enfim à ambicionada normalidade, o esperam os perigos incubados por cinco anos e quatro meses de isolamento em soturno socavão na Faixa de Gaza.


Multa de US$ 2,1 milhões à Globovisión

    Com a consueta severidade na aplicação das penas pelo caudilho Hugo Chávez aos seus corajosos críticos, a Globovisión foi multada no equivalente a US$ 2,1milhão.  A imputação chavista da Comissão Nacional de Telecomunicação é a de que a emissora realizara  apologia ao crime’ em sua cobertura da rebelião no complexo carcerário El Rodeo. 
    O caso provocara comoção nacional, forçando o governo a enviar cerca de 3.500 soldados para conter a violência na prisão, que resultara  na morte de dezenas de presos.
   A direção da tevê qualificou  de ‘impagável’ a multa aplicada pela Conatel, o que seria clara tentativa de levar a emissora à falência e, dessarte, livrar-se da única televisão oposicionista.
    Parece que o exemplo do discípulo Rafael Correa, presidente do Equador, ao instrumentalizar a justiça  impondo prisão e pesadas penas pecuniárias a jornalistas e orgão de Guaiaquil (três anos de prisão para os três donos de El Universo e também para o colunista, com quarenta milhões de dólares de multa), terá sido do agrado de seu mentor.  


( Fontes: O Globo e Haaretz )

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