sábado, 8 de outubro de 2011

Ainda a Inflação

                                         

        No governo anterior, as boas notícias sobre a inflação se baseavam em dados efetivos, e se reportavam, portanto, ao presente. É verdade que nos últimos meses de Lula as coisas começaram a mudar, por força de conveniências eleitoreiras. Mas havia ainda  postura de respeito ao tripé sobre o que se baseara nos mandatos de FHC e de Lula a política de estabilidade monetária.
       Com a ‘nova política’ desenvolvimentista de Dilma Rousseff, se se continua a dar barretadas à política pregressa, existem modificações sensíveis que transmitem para o mercado mensagens bastante diversas quanto à manutenção do paradigma.
      Não basta, como tem sido prática da presidenta, declarar alto e bom som, que ‘a inflação está sob controle’. Esse gênero de mantra, se não correspondido pelos fatos, logo tende a aparecer pelo que realmente é: uma afirmação vazia, não corroborada pela realidade.
     O que agora se verifica é preocupante inversão em termos de qualidade da informação. No passado, a boa notícia estava no presente, com a confirmação das projeções da inflação, em geral mantida dentro dos parâmetros das estimativas oficiais, e por conseguinte em níveis consoantes em achar-se sob efetivo controle a elevação dos preços.
     Atualmente, mudou o cenário. Para hoje, temos más notícias. Assim, o IPCA acumula alta de 4,97%, bem acima do centro da meta oficial de inflação (4,5%). O teto de 6,5% até o final do ano semelha de difícil manutenção, se tivermos em mente dois dados: o patamar inferior no mesmo período do ano passado (3,6%) e um IPCA de doze meses, já em 7,31%, a maior taxa desde 2005.
      Sem embargo, a autoridade financeira continua otimista. Só que o seu otimismo não mais se fundamenta em dados concretos, mas sim no ar rarefeito das previsões.
      No seu entender, a inflação deve despencar, caindo para níveis bastante baixos, o que ocasionará a reviravolta. Em realidade, os dados de setembro  desapontaram o Banco Central, porque já estimavam para tal mês a reversão da tendência.
     Não importa. A despeito da relativa contrariedade, os prognósticos se mantêm róseos para o futuro. Como isso vai acontecer, será difícil de quantificar, porque se anuncia nova queda e importante, nos juros. Se se enjeita o recurso habitual para controlar a demanda, cabe a pergunta acerca de que instrumentos se valerá o governo para controlar a inflação que não dá sinais de atender às pajelanças do oficialismo.
      Porque o dragão é uma besta calejada que dá a pomposas assertivas   como ‘a inflação está sob controle’) e  ‘respeito à autonomia do BC’ o valor que elas merecem, se não confirmadas pela realidade.



(Fontes : O Globo e Folha de S. Paulo)

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