Vexame sul-africano
A África do Sul introduz nova categoria em termos de lidar com pedidos de visto. Através da embaixada sul-africana em Nova Delhi, o Dalai Lama solicitara no mês de agosto último visto para ele e sua comitiva. Os passaportes foram entregues a vinte de setembro.
Convidado para receber o Prêmio Mahatma Gandhi para a Paz e a Reconciliação, assim como participar dos festejos em torno dos oitenta anos do Arcebispo Tutu, o Dalai Lama se viu na contingência de cancelar a viagem.O motivo ? O governo do Sr. Jacob Zuma criou uma nova modalidade para vistos que julga delicados: os funcionários dizem que o visto continua sendo avaliado. A pusilanimidade dessa administração – que, pelo visto, pouco ou nada aprendeu com o exemplo de Nelson Mandela – sequer tem a coragem de denegar o visto. Hipocritamente, inviabiliza qualquer programação de viagem, colocando no limbo a solicitação desse perigoso radical, Prêmio Nobel da Paz ainda por cima, que inferniza com as suas seguidas viagens o pacífico governo de Beijing.
Nesse contexto, o Vice-Presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe recebeu um upgrading protocolar, ao ser recebido em audiência especial pelo Presidente da República Popular da China, Hu Jintao. Na agenda, a original discussão das perspectivas de parceria estratégica de ser elevada nos seus laços bilaterais.
A respeito da virtual denegação do visto, o Arcebispo Desmond Tutu verberou a atitude do governo sul-africano. No seu entender, o comportamento da atual administração fora ainda pior do que os governos do apartheid, eis que pelo menos era isto o que se podia esperar dessa gente: ‘quando se solicitava um passaporte do governo do apartheid, até o último momento não se sabia qual seria a decisão’: “Não posso acreditar que isto esteja acontecendo aqui de novo”.
Fantasmas em geral sabem para quem devem aparecer. Toda a maquinária diplomática e todas as ameaças em relação a boicotes comerciais, são empregadas pelo fóbico governo de Beijing no que concerne às programadas visitas a países estrangeiros do Dalai Lama.
Governos fracos e timoratos se curvam à chantagem diplomática chinesa.
É realmente lamentável que o governo da África do Sul, o novel membro no grupo dos emergentes, se submeta às rituais intimidações do Império do Meio.
Em uma recente pesquisa da Bloomberg, 34% dos consultados opinaram que teria sido melhor se Hillary houvesse sido escolhida. Essas posições não são desprovidas de importância, sobretudo se a avaliação conferida à antiga Senadora pelo Estado de New York não alcançasse 69% de preferências.
Como tem sido referido, a precária situação de Barack Obama como candidato é consequência mais de seu próprio comportamento, do que de atos e atitudes de seus adversários republicanos.
Em diversas ocasiões, Obama não mostrou sinais indispensáveis de liderança. Além de oscilar para vagas posições centristas – sem correspondência nas próprias fileiras democráticas – não teve o pulso que normalmente se associa aos presidentes e candidatos à reeleição.
As sucessivas renúncias às posições antes por ele defendidas criou ambiente de incerteza quanto à sua firmeza futura, malgrado promessas de confrontar os desafios da oposição. O episódio da extorsão eleitoral da aprovação do novo teto para a dívida pública expôs essa embaraçante tendência a ceder terreno de forma bastante explícita e com consequências previsíveis sobre a popularidade do Presidente.
Tal angustiante perspectiva – a possibilidade de que, de novo, ceda para as exigências dos republicanos – tem estado presente em muitas das matérias que, tentativamente, se aventuram a assinalar uma nova disposição no 44º presidente. Ao final, aparece sempre a mesma cláusula :que Obama não volte atrás. Isso seria decerto lamentável, mas assaz compreensível se tivermos presente a sua linha de ação pregressa.
De que as favoráveis avaliações dos simpatizantes democratas para Hillary Clinton, a atual Secretária de Estado, tenham alguma sequência, semelha assaz difícil prever.
Por mais fraca que seja a posição política do Presidente em função, parecem deveras questionáveis as perspectivas de eventual desafiador, dentro da sua legenda, em retirar-lhe a designação da Convenção partidária para a candidatura presidencial. A inaudita dificuldade da empresa se vê confirmada pela raridade do respectivo intento. Dadas as vantagens ex-officio de que frui um chefe de governo americano para alcançar tal indicação, somente em situações de crise nacional – como no caso da guerra do Vietnam – tal possibilidade foi encarada. E a renúncia do Presidente Lyndon Johnson a concorrer à reeleição veio ensejar a aberta disputa pela designação do partido. Mais tarde, outro exemplo, com a tentativa do Senador Ted Kennedy contra o presidente Jimmy Carter, não lograria sucesso.
(Fontes: CNN, International Herald Tribune)
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