Não é espetáculo agradável o progressivo enfraquecimento de Carlos Minc e de seu Ministério. Como esse sentimento nada tem de pessoal, será causa suplementar para maior inquietação com a situação do meio ambiente no Brasil.
Apesar das características midiáticas do Ministro, a sua gestão não tem sido apresentada sob luz favorável pelos jornais, como se depreende pelas seguintes manchetes: “Minc diz que foi traído por ministros” (O Globo, 29.V.09); “Acuado por derrotas, Minc vai a Lula reclamar de colegas” (Folha, 29.V.09); “Minc critica publicamente colegas ministros” ( O Globo, 30.V.09 ).
Ao contrário da discrição da antecessora, a Senadora Marina Silva, que preferiu retirar-se de cena a trazer a público as razões de sua exoneração (mais do que o choque com a Ministra Dilma Rousseff, a falta de apoio de seu velho correligionário, o Presidente Lula ), conforme ao próprio estilo, Minc não parece trepidar em divulgar as pedras que lhe são postas à frente, assim como, o que decerto alça o tom da refrega, quem as coloca.
Em sua luta pela sobrevivência política, não se entrevêem à sua volta manifestações de simpatia, seja na imprensa, seja entre os próceres do ambientalismo. Há uma certa e preocupante frieza a acompanhá-lo, em atitude de distanciamento reservada àquelas personagens marcadas como vítimas a caminho do inexorável sacrifício.
Despojando-se da gravitas que era antes apanágio dos ministros (para não falar de outrem), como se de inútil lastro na sua luta, semelha incerto o ganho que há de colher. Fica, de início, a dúvida quanto ao real e precípuo escopo do esforço, se o interesse nacional na defesa do meio ambiente, ou a preservação pessoal no posto.
Dir-se-á em seu favor que não há no momento presente motivo de distinguir os dois propósitos, que se confundiriam na extrema dedicação à causa. No entanto, o Ministro brande com talvez excessiva ênfase a possibilidade de seu afastamento. A esse respeito, a sabedoria popular ensina que não se deve recorrer em excesso às ameaças, mesmo implícitas. Dessarte, elas tendem a banalizar-se e a perder qualquer efeito dissuasório.
Não só ao bater à porta de Lula, senão ao divulgar, à guisa de transparência, o teor de suas queixas e a alegada promessa presidencial, será difícil crer que escapa ao Ministro Carlos Minc que está apelando para uma problemática ultima ratio.
Já ali chegou enfraquecido pelos picadores impiedosos, com derrotas inflingidas por decretos presidenciais ( o das cavernas, que as entrega à sanha destruidora das explorações industriais; e a rebaixa da compensação ambiental, a ser paga pelas empresas em obras de impacto natural).
Quem são, na verdade, os verdadeiros inimigos do Ministro Minc (e do Meio Ambiente) ? Seriam o Ministro Alfredo Nascimento, dos Transportes (com a pavimentação, a revelia do Ministério do Meio Ambiente, da rodovia BR-319, que liga Porto Velho a Manaus) e o Secretário Especial de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger (que apresentou a Lula documento com texto final sobre licenciamento ambiental, sem que o Ministério do Meio Ambiente haja sido consultado) ? Seriam acaso aqueles ministros – aí incluído Reinhold Stephanes, da Agricultura – que com ‘suas machadinhas’ cortam matérias caras ao meio ambiente, sempre de forma autônoma e sem qualquer concertação com o colega Carlos Minc ?
O Ministro Minc, por tática ou convicção, timbra em isentar o Chefe do Governo dessa situação. E, não obstante, como a hirsuta cabeça de uma hidra, a questão, dadas as penosas circunstâncias, torna a se colocar.
Carlos Minc retornou da audiência presidencial embalado pelas palavras de Sua Excelência de que iria pôr ordem na casa. Se o passado tem nisto alguma valia, será motivo de escarmentada reserva.
Alguém, porventura, acredita que o presente estado de coisas não tem causas conhecidas e que os ministros das machadinhas agem dessa forma por sua alta recreação ?
Ou verão nos tropeços anteriores a confirmação do falso enigma de Lula e da consequente autorização para que continuem a bater nesta Geni que, tristemente, semelha ser o Meio Ambiente em nossa terra ?
sábado, 30 de maio de 2009
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