Com a chamada reestruturação da Infraero, surge nos jornais uma história que reflete visões diversas da função pública. Com efeito, a estatal dos aeroportos se tornara, máxime a partir de 2003, na gestão do ex-deputado Carlos Wilson, um abrigo para apadrinhados políticos.
Conquanto seja órgão técnico, tais indicações partidárias – de que o PMDB é a fonte principal – não obedeceram via de regra a critérios de competência e de experiência. A inchação da empresa – inclusive com designações para diretorias importantes – redunda em constrangedora lista de parentes, ex-mulheres, e amigos de políticos. Para que se tenha ideia do alcance dessa fome de nomeações, os ‘jabutis’ (aqueles que foram colocados em postos determinados e não por iniciativa própria) já somaram 240 indicações.
Com a passagem da presidência da Infraero para um técnico – o Brigadeiro Cleonilson Nicácio – e a anuência do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi iniciado o saneamento da empresa. Sob a responsabilidade do Brigadeiro Nicácio, o processo de desligamento das nomeações ‘políticas’ vai liberando gradualmente a Infraero desse contrapeso. Atualmente, entretanto, ainda existem 109 cargos ocupados por indicações partidárias, nas quais o PMDB tem a parte do leão.
A seriedade do trabalho do Presidente da Infraero terá impressionado a cúpula do PMDB, a ponto de motivar reunião com o Presidente da República. Somente a velhinha de Taubaté, contudo, acreditaria que o objetivo da conversa com o Presidente Lula de Romero Jucá, líder do governo no Senado, Michel Temer, Presidente da Câmara, e Henrique Eduardo Alves, líder da bancada na Câmara, haja sido respaldar a meritória recuperação da estatal.
Naquele momento, os peemedebistas ainda julgavam possível salvar os protegidos do partido (muitos dos quais, suas indicações diretas) da impiedosa tesoura do Briadeiro Cleonilson. O Presidente Lula concordou então em discutir a questão com o Ministro Jobim, de que o presidente da Infraero é subordinado.
Lamentavelmente para os dignitários do PMDB, as coisas não sairam conforme as suas previsões. Na audiência com o Presidente, Jobim obteve a luz verde de Lula para a continuação do plano de recuperação da estatal dos aeroportos. Consoante deixou claro em entrevista à imprensa – ‘Se não for sério, não é para mim’- o Ministro da Defesa ameaça sair no caso de que a pressão do PMDB consiga frear o enxugamento da Infraero.
O PMDB, de resto, vem agindo nesta questão sob o figurino utilizado quando da entrevista do Senador Jarbas Vasconcelos que associa o partido à corrupção. Assim, o PMDB, diante da divulgação do assunto e do conhecimento pela opinião pública da real motivação das demissões, preferiu encolher-se e não se expor. Nada de seguir o exemplo do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS). Nada tampouco de questionamentos mais incisivos ou de notas demasiado categóricas. As represálias ficariam por conta de estranhas votações (para um partido supostamente aliado da frente governamental) no Senado (emendas a MP 449) e na Câmara (maior apoio financeiro aos prefeitos em aliança com o oposicionista DEM).
Privilegiando o maior partido do Congresso tais métodos, em que o anonimato do número e da massa informe são os elementos mais eficazes, resta verificar se Lula continuará a prestigiar o Ministro e as demissões do Brigadeiro Cleonilson, a despeito do consequente desgaste político provocado pelas sinuosas manobras da grande frente clientelística.
Será acaso insensato esperar que as forças do pistolão político e do empreguismo não prevalecerão desta vez ?
terça-feira, 12 de maio de 2009
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