Em razão da chamada CPI da Petrobrás, que surgiu nas condições descritas no blog ‘Teatro das Sombras’, de dezenove do corrente, a diretoria do PMDB agora antecipa a cobrança pelo comando da Diretoria de Exploração e Produção da estatal.
É a diretoria mais importante da Petrobrás, atualmente ocupada pelo geólogo Guilherme Estrella. Conhecido por sua posição em favor do monopólio estatal, tem o apoio do PT e do PCdoB. Tem comandado com entusiasmo e competência as atividades exploratórias que conduziram às descobertas no pré-sal.
Por ser a mais relevante da Petrobrás, a diretoria da E & P – que tem em sua carteira cerca de 600 projetos a exigirem investimentos de R$ 188 bilhões de 2009 a 2013 não surpreende que desperte a cobiça de políticos corruptos que almejariam dela ‘participarem’. Na sua malfadada presidência da Câmara, Severino Cavalcanti disse que queria ‘a diretoria que fura poço e acha petróleo’. Para felicidade da Nação, em movimento liderado por Fernando Gabeira nos veríamos livres desse parlamentar (por quanto tempo não se sabe).
Causa algum espanto a despudorada reivindicação do PMDB ? Depois da entrevista à Veja de Jarbas Vasconcelos e da pífia reação da diretoria desta grande frente partidária, nada mais pode provocar espécie quanto aos procedimentos desvergonhados com que o PMDB atua.
A tal propósito, Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos externaram a própria indignação com a exigência do partido. Caberia, no entanto, lembrar aos nobres Senadores, que se dissociam das características do PMDB a que estão filiados – e por isso estão marginalizados – que eles assinaram o requerimento de criação da CPI. Em assim fazendo, muito contribuíram para que a escusa manobra dos caciques peemedebistas surtisse efeito.
Ao assinarem o documento, deveriam ter sopesado melhor a situação. Ao invés de golpearem o governo do presidente Lula, alegadamente o objetivo do PSDB, eles, os incorruptíveis do PMDB, davam ajuda determinante àqueles que ambicionam ter mãos livres nos seus manifestos propósitos contra a estatal do petróleo.
A diretoria do PMDB não está preocupada com aparências. O PMDB dispõe de vastos números seja no Senado, seja na Câmara. A sua ideologia é a do ganho e se prevalece de uma suposta desvantagem – a de não possuir líderes em condições seja de chefiá-lo, seja de batalhar pela presidência da república. Na anonimidade da massa está a sua força.
Não seria mistério que o governo de Lula, ao mesmo tempo que recorre ao PMDB para ‘controlar’ a CPI, admite – pelo menos na argumentação peculiar de Sarney, Temer, Jucá, Geddel et al. – tornar-se refém desta frente partidária.
De resto, não se vá procurar em meio a esta gente compostura, moderação, ou mesmo acanhamento. A desfaçatez faz parte do jogo e por conseguinte não farão as costumeiras homenagens da discrição ou da hipocrisia. Apresentam de saída a conta antecipada dos futuros trabalhos congressuais. É salgada para o Planalto. Resta saber se o Presidente Lula deseja bater de frente contra essa chantagem.
O Brasil gostaria que o fizesse. Fará ?
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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Um comentário:
Triste é a sociedade que sequer tem o direito de esclarecer indícios de malversação e roubo de seus parcos recursos, ainda mais pelo argumento que tal investigação causaria mais mal do que bem... Ainda fossem apenas argumentos, mas quem quer investigar é tido como traidor da pátria, cinicamente caluniado e mesmo hostilizado fisicamente no melhor estilo fascista. Oposição boa é nenhuma oposição... Onde entra a democracia nisso?
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