Na campanha eleitoral, na fase das primárias em que se digladiaram pela indicação do Partido Democrata Barack Obama e Hillary Clinton, um dos tópicos mais discutidos pelos dois rivais foi o da necessidade de instituição de plano geral de saúde para a população americana.
Na época, a Senadora por New York – que conduzira, durante o governo de Bill Clinton, a tentativa malograda de implantação de Plano Público de Saúde nos Estados Unidos – advogava por programa de cobertura total, enquanto o Senador por Illinois preconizava versão um pouco menos abrangente.
Decididas indicação e eleição, o Presidente Obama, que priorizara na campanha mudanças no sistema de saúde estadunidense, ora procedeu à cerimônia relativa ao próximo lançamento da avaliação legislativa de projeto de lei sobre a matéria.
A solenidade – que a imprensa americana consignou às páginas internas – reuniu no jardim da Casa Branca o Presidente, a ‘speaker’ (presidente) da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, o Vice-Presidente Joe Biden, e outros dirigentes da Câmara. O escopo foi anúncio de que em fins de julho os deputados poderão já debater projeto de lei concernente a uma cobertura de saúde mais ampla e democrática para os cidadãos americanos.
Como se sabe, atualmente cerca de 50 milhões de americanos não dispõem de qualquer cobertura de plano de saúde. Os atuais dois planos públicos de saúde, que datam de meados dos anos sessenta, sob a presidência de Lyndon Johnson, são o Medicare, para as pessoas maiores de 65 anos, e Medicaid, para aqueles segmentos com menores rendas.
Na cerimônia no jardim de rosas da Casa Branca, nem o Presidente, nem a Speaker Pelosi, forneceu qualquer outro elemento de informação acerca do projeto a ser submetido à consideração dos Representantes.
Haja vista os erros incorridos pela tentativa anterior, a reação hábil e enganosamente orquestrada pelas grandes associações da medicina particular, e a maneira inglória em que o programa da Administração de Bill Clinton iria fracassar, compreende-se a prudência dos democratas, e de Obama em especial.
Conquanto o presente Congresso difira bastante daquele dos tempos do Presidente Clinton, seria ingênuo esperar que não reajam os grandes interesses atingidos pela reforma, por mais necessária e urgente que ela se afigure a um observador imparcial.
Não obstante o êxito do programa de cobertura total que vige no Canadá, os grandes laboratórios e os planos privados de saúde – habituados às benesses e aos favorecimentos recebidos durante o governo de Bush júnior, conforme denunciados pela dra. Marcia Angell – não se conformarão facilmente às transformações legislativas de plano moderno e eficiente de saúde.
Não ignora o Presidente Obama que a qualidade do novo plano, a ser aprovado pelo Congresso, será um dos fatores determinantes no julgamento pelo povo americano da Administração democrata. Dentre esses elementos, avulta decerto a sua real abrangência para a totalidade da população.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
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