terça-feira, 6 de outubro de 2020
Trump, o todo-poderoso
Em previsível adivinhação, não arriscaria muito quem viesse a predizer que o irrequieto Presidente Donald Trump não demoraria muito no hospital Walter Reed, em Bethesda no estado de Maryland. Não deu outra. Após três dias em que previsivelmente convulsionaria a rotina desse grande Hospital público, Trump deu uma chave de galão e proclamou-se "curado" da infecção por Covid-19.
Hélàs, a realidade trumpiana não detém a força que esse presidente estadunidense - empenhado em titânica luta pela reeleição - presume por si próprio. Assim, as altas médicas não dependem do pessoal técnico e medical que determina as internações em todas as casas de saúde, segundo a normal prática medicinal. Para Donald Trump, o que avulta é a suposta onipotência de seus poderes presidenciais. No seu entender, quem determina da validade e extensão das determinações - que por injunções médico-hospitalares causariam a sua internação - não é a autoridade médica responsável no caso, mas, imaginem! não é outro senão o próprio Trump, que como presidente sequer se sujeita a obedecer a disposições médicas. O comum dos mortais compreende o que justifica tais disposições. Estando em casas de saúde, não é só usual, mas também medicamentalmente compreensivel que quem tenha voz em capítulo seja o médico responsável pelo respectivo paciente submetido aos seus cuidados.
A disposição corresponde a um procedimento que atende ao bom senso e ao próprio interesse do paciente. Nâo vá ele - como se dizia - meter-se a fogueteiro, e, em consequencia dispor sobre a própria sorte. Teríamos, se esse precedente fosse respeitado, nada menos que a anomia (falta de regras) nos hospitais. Cada paciente - com os resultados previsíveis faria o que lhe desse na venta, e assim o paciente não se conformaria com a eventual extensão do tratamento... Como Trump se auto-determinou, por seu achismo autoritarista, ele resolveu voltar à Casa Branca, metendo-se no bestunto que já bastava ficar mais tempo no referido grande Hospital - que é famoso nos States pela sua qualidade de atendimento e, por conseguinte, de expectativa de cura para o paciente lá internado.
A volta de Trump à Casa Branca - e ao símbolo do poder máximo que ela traz consigo - constitui na verdade outra idiossincrasia perigosa de Mr Donald Trump. Por quê ? Porque ao contrário de o que pensa esse energúmeno, leitor amigo, se atribui essa expressão do blogueiro a alguma ofensa à capacidade do atual morador na White House... Energúmeno é pessoa que Houaiss define em primeira atribuição como (obsoleto) possuído pelo demônio, possesso; em segundo sentido, exaltado, boçal, que grita e gesticula sem sentido.
Não é necessário dispor-se de muito sentido de previsão para antever a desordem que uma disposição como o a de Trump - de mandar em casa alheia, como é o caso, pois manda o bom-senso que tem autoridade aquele que é dela investido. Há de imaginar-se, por conseguinte, que qualquer paciente hospitalar deve subordinar-se ao que determina a autoridade da Casa de Saúde. A alta médica não é uma faculdade de que um paciente possa prevalecer-se, como se lhe desse na telha. São ordenações previsíveis, que em geral correspondem ao bom-senso. Ora, não será muito presumir que se possa julgar Mr Trump como alguém de bom senso, que se subordina ao interesse geral, em uma comunidade subordinada a rígidas determinaões técnicas... Para tanto, na maioria dos casos basta o bom senso... Mas o que predomina em Mr Trump é o egotismo e o paroxístico sentido do poder... E tal ocorre por uma decorrência simples e natural: Mr Trump é um forcéné, alguém que se coloca acima dos demais - e não porque esteja eleito presidente, mas em última análise uma criança mimada, um temperamento autoritário que extravasa em larga medida os eventuais limites - que sóem ser ditados pelo bom senso... Quem não o tem, como dele estaja privado, terá de agir em consequência...
( Fonte O Globo )
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário