sábado, 17 de outubro de 2020
Como salvar 71% das Espécies ? (2)
Diante da perspectiva que ocorra, com o avanço das mudanças climáticas e as consequentes previsões de que em algumas décadas se verifique a extinção de um grande número de espécies, tanto animais, quanto vegetais, os estudiosos do tema têm defendido não só a necessidade de preservar o seu habitat natural que são no Caso do Brasil tanto a floresta amazônica, quanto a mata atlântica, além de outras formações vegetais típicas do Brasil como o cerrado, áreas pantanosas, e outras formações já degradadas em parte, como a porção amazônica ainda preservada em extensão considerável no estado do Pará, sem falar das outras áreas de vegetação já consideravelmente modificadas pela ação do homem no Brasil.
É forçoso reconhecer que o desafio aumentou bastante, tanto na floresta amazônica, quanto em outros espaços naturais do Brasil, como em especial no Cerrado, em que o afrontoso repto cresceu desmesuradamente em relação a períodos anteriores, por uma situação marcada por uma postura em que se mantinha como pressuposto não-discutível o respeito ao Meio Ambiente, antes observado - ainda que com lapsos de queimadas ocasionais e de outras ameaças do gênero.
A dificuldade que não se colocara antes se acha na circunstância de que, por conta da última eleição presidencial no Brasil, foi eleito presidente Jair Bolsonaro, que tem um viés não favorável à preservação do Meio ambiente. Por força dessa mudança radical de postura, os políticos ambientalistas como Marina Silva desapareceram do visor, sendo substituídos na prática por políticos que seguem uma postura anti-ambientalista, com as consequências naturais de uma transformação radical de tal natureza.O fenômeno poderia ser equiparado, em que de repente a stanza dei botonni se viu ocupada por outra espécie de atores políticos, com as consequências naturais de grandes e inesperadas metamorfoses. Além de enjeitarem os depósitos feitos por países ambientalistas, voltados para a proteção do meio ambiente e notadamente da Amazônia, tanto os órgãos de proteção e preservação ambiental, quanto as próprias autoridades nominalmente encarregadas da defesa ambiental (e da adoção de políticas ambientalistas globais, como o celebrado Acordo Climático de Paris) mudariam de postura. Assim, organismos como o INPE, encarregados de acompanhar e, se possível, inviabilizar o desmatamento tanto selvagem, quanto desbragado, passaram a enfrentar condições diversas e adversas.
O desafio, com a real ameaça da savanização da Amazônia, já se vinha configurando, em áreas como a parte oriental da antiga hiléia - na descrição de Alexandre von Humboldt - que em largas extensões da planície na Amazônia paraense já se acham bastante atingidas pela conjunta ação da agricultura e - marcadamente em período imediato, pela ação de garimpeiros, que têm sido favorecidos pelo regime bolsonarista, em uma postura que em nada configura à necessária proteção que deve ser prestada aos indígenas, dentro das reservas de que carecem.
O surgimento de um regime de direita, e a tal ponto de preparar com viés negativo a classificação de políticos e de autoridades governamentais havidos como anti-fascistas, em uma tentativa de revirada, em que os defensores do meio ambiente e políticos no versante liberal passaram a ser alinhados como anti-fascistas, numa mudança radical de postura política, em que se pespegavam pinturas negativistas aos democratas e defensores da liberdade... A eleição de Bolsonaro passaria a configurar um outro ambiente, em que as posições ideológicas se descobriam de repente deformadas por uma mentalidade fascistóide, que desde muito não se coaduna com a realidade democrática no Brasil.
Dessarte, a postura agressivamente anti-ambientalista da atual Administração, que foi surpreendentemente a vencedora do último pleito presidencial, criou uma situação assaz desfavorável para o interesse brasileiro que sempre se pautou por uma política ambientalista que constitui um imperativo para um país que dispõe de imensas áreas florestais, que são vistas, por setores que merecem respeito, como indispensáveis para a manutenção de temperaturas globais aceitáveis, e conformes a um futuro verde para a Humanidade. Daí, a inevitável surpresa - que explica um tanto o pasmo e a desordem das instâncias governamentais (incapazes de manter uma política ambientalista que seja conforme aos imperativos de defender os pulmões do planeta, sem esquecer o despautério de uma savanização desbragada (que já se verifica em largas extensões da Amazônia paraense).
Nesse contexto, a reportagem constante do Estado de S. Paulo deve merecer a atenção e a ênfase que se presta à matérias que são consentâneas com o nosso óbvio interesse nacional. O Brasil não está interessado em desfazer-se dessa grande floresta - que não se deve permitir seja afetada pelas queimadas irresponsáveis, nem pelas afrontas de uma grilagem que em nada correspondem tanto ao interesse nacional, quanto a essa maravilha da Humanidade que é a hiléia.
Muito aprecio, portanto, a relevância da matéria objeto do estudo de cientistas nacionais e estrangeiros. A Amazônia é e continuará brasileira, de acordo com o nosso Povo. Será sobretudo pelo empenho e pela discussão de políticas nacionais que defendam os nossos interesses - preservação da Amazônia e respeito da conquista brasileira, que detém os pulmões do planeta de uma forma positiva,e que, por conseguinte, não admite a sua irresponsável savanização. A autoridade governamental está aí para implementá-la, como é também de nosso integral interesse que os rios aéreos vindos das Amazônia continuem a cumprir com a sua finalidade de preservação criativa.
Vamos olhar com mais atenção às autoridades responsáveis pela área do Meio Ambiente.
Teorias esdrúxulas de destruição ambiental devem ser escoimadas, assim com os seus repre- sentantes que lá estão para defender os interesses do Brasil, e não a formulação de políticas esdrúxulas e anacrônicas que podem representar diversões perigosas para o verdadeiro interesse nacional.
(Fonte: O Estado de S. Paulo )_
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