sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Classe C : 63 por cento da população
Hoje, o Globo dedica o topo da primeira página ao fato de a Classe C já reunir 63 p/c da população. Como outras transformações do Governo Bolsonaro, esta surge como sujeita aos caprichos do tempo. Essas quinze milhões de pessoas favorecidas pelo auxílio emergencial configuram um fenômeno que pode ser efêmero, pois como o próprio nome indica essa ajuda é de emergência, e é por conseguinte acolhida pela população que se debate com as dificuldades próprias de sua faixa de renda, mas também com a atitude positiva, que reconhece a relevância da iniciativa, e que prontamente catapultou para o atual presidente à faixa de popularidade antes ocupada por Lula da Silva.
Correspondendo a um auxílio pontual, e dado o seu peso no orçamento da República, ele não constitui um instrumento que possa ser considerado durável, dadas as limitações envolvidas nesse tipo de ajuda. Outros programas do ideário lulista, como o Bolsa Família, têm maior potencial, porque não se limitam à simples doação, e sendo instrumentais, têm uma participação mais sólida através do custeio da educação.
O comprometimento da renda estatal com esse tipo configurado pelo auxílio emergencial pode ser visto como um retrato da situação econômica do Brasil. A doação pode fomentar o incremento da popularidade do presidente que dispensa fundos para quem deles muito carece. Mas dado o comprometimento envolvido nesse gênero emergencial, ele não pode comparar-se às qualidades imanentes no programa Bolsa Família. Se a capacidade do Caixa do Estado tem necessariamente limites, a qualidade desse tipo de programa - ainda que construtor de popularidade - não pode, em sã mente, entrar na liga dos planos - como o Bolsa Família - voltados para a construção do futuro, ao invés de um plano de alto custeio orçamentário, mas de pouco fôlego para construções mais duradouras.
O futuro dirá - e ele escreve em geral com as letras grossas do interesse do Capital. Não há lugar para sutilezas nas listas cambiais do Banco Central, e os grandes inversores não se atêm a detalhes, mas à linguagem crua das verdades cambiais. Pensando nisso, o Partido dos Trabalhadores e quem forjou o Bolsa Família tratou de inserir-se em espaço do futuro. Já o atual plano do governo Bolsonaro pode engordar através das benesses das urnas, mas é imediatista e de fôlego bem mais curto.
Apesar de serem tão ou mais onerosos de os outros programas que são mais complexos, inteligentes e por conseguinte surgem como mais ricos, no que contribuem para o viço da Economia e por conseguinte de nosso Povo.
Já a versão atual carrega pesados fardos sobre as burras estatais, sem contrapor o sopro criador do futuro de formulações como o Bolsa Família. Sendo de uma nota só o Auxílio Emergencial está na faixa primária. O Estado gasta muito, mas os ganhos para a Economia não são comparáveis a outros planos mais complexos e com um sopro maior de criação de riqueza. Nesse tipo que definiria como rústico de ajuda, o peso sobre o capital é o mesmo, mas os efeitos negativos são maiores, dada a falta de sofisticação criativa do projeto.
Fontes: O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo
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