sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Como salvar 71% das Espécies ?
Por vezes, os especialistas na matéria - máxime diante de uma situação de crise - procuram através da pena e da palavra, de uma certa forma amtecipar-se a eventos que não parecem contribuir para uma evolução exitosa em termos da salvação - ou da preservação - das espécies. Sem querer que se configure um cenário negativo, e valendo-se de espírito conservacionista - que, com exceções marcadas por um sentido de comercialização - será acaso mais comum que a atividade econômica - conjugada por aquela fabril -se lance contra situações que muitos veriam como impeditivas da expressão da Natureza na sua forma mais primária e primeva. Nesse ponto, o pensamento terá de caminhar para a visão do naturalista inglês Charles Darwin (1809 -1882) que se afastou - mas não tanto - das destruições "construtivas" da Inglaterra de seu tempo e de Richard Malthus.
Para sentir a força da natureza - que lhe embasa a respectiva teoria - Darwin dedicou boa parte de sua vida à navegação da nave Beagle e uma estada nas ilhas do Pacífico, em que várias constantes se fizeram presentes, de forma a reforçar a teoria científica de Darwin, que como toda observação do gênero pode chocar-se de início com os divinismos creacionistas, mas que ao cabo, através de ambientes primevos e de poucas modificações (que não é decerto o caso para a observação de índole científica, em ocasiões nas quais a proximidade de uma longa presença do agricultor ou do homo faber tenderia a inviabilizar a atuação dos respectivos, muito ao contrário de um cenário em que esse grande disruptor da Natureza se manifeste sob tantos versantes.
Tais condicionamentos foram então aproveitados pela sabedoria do naturalista que não hesitara em, diante da fortunosa conjunção de fatores, proceder tanto com o afastamento que integra o processo de criação (e observação) científica, assim como valer-se de condições privilegiadas em termos de análise e acompanhamento,a que a proximidade com a "civilização" em outras terras tenderia a inviabilizar.
Existem, por conseguinte, pressupostos - que não ocorreram por acaso - que engrandecem o trabalho científico (em que teoria e praxis se dão as mãos) e que decerto não devem ser esquecidos, enquanto vêm vestidos de condições de vida não necessariCamente confortáveis, ainda que se sirvam, por decisão própria do cientista, de um necessário afastamento da chamada civilização. Tenha-se igualmente presente que Charles Darwin, pelas distâncias do século XIX, não fez uma pequena renúncia em termos sanitários, intelectuais e da própria existência, em que o 'asceticismo' se sobreleva as condições por ele escolhidas para levar a cabo o seu estudo científico, que é sobretudo a observação minuciosa da vida das espécies dentro do cenário da Natureza em que a prudência e a cautela norteiam o comportamento dos seres mais fracos, em um 'mundo' cão, wm que as 'penas' aplicadas pelas espécies mais fortes - ou com maior habilidade - são ditadas pela irreversibilidade, pois não há condicionalidade da 'misericórdia' das espécies mais fortes no que tange às fracas...(*), salvo se por uma condicionalidade eventual na mecânica brutal do relacionamento das espécies a mais fraca pode ser havida como "aliada", na luta pela respectiva sobrevivência. Dessarte, tal sobrevivência só pode ser garantida no mundo darwineano seja por prudência conjugada com instintiva inteligência, para casos em que possa valer-se do número, ou do natural afastamento, que decorrem da prudência e/ou de instintiva esperteza, como 'personagens' cuja presença venha a ser 'tolerada' nesse mundo darwineano.
Mas sem procurar ser romântico, como devemos encarar o presente desafio (entendido no sentido toynbeeano da expressão) que é colocado tanto pela cobiça da chamada civilização, quanto pelas pulsões do dito avanço do chamado "progresso" para dentro do espaço ora ocupado pelas culturas silvícolas - a exemplo da Amazônia. Como também é sabido, a presença da Direita (em certos casos e/ou aspectos marcada por "pérolas" do pensamento fascistóide) não pode ser excluída da dita Aliança oportunista, que nada tem de "santa", sobretudo se tivermos presente as suas ruinosas consequências para a Amazônia, e o Brasil.
Tem sido uma mostra deplorável da atual Administração Jair Bolsonaro, em matéria da respectiva visão da Amazônia. Além do humor negro que presidiu à escolha de Ricardo Salles como Ministro do Meio Ambiente - somos in aeterno devedores da iniciativa do grande ministro Celso de Mello de tornar pública a gravação pela Tevê daquela lamentável reunião do ministério do atual presidente, de que sobraram pedras não exatamente preciosas (que ejetou o ministro da Educação para o Banco Mundial) e rasgou de vez os véus quer cercavam o já citado Ministro do Meio Ambiente (com a sua dita pérola "de deixar passar a boiada"). Por falar nesse ministro - que é expressão do "pensamento presidencial", se ele faz parte de uma mentalidade - que é apenas um derivado da posição de Bolsonaro, parece de extrema relevância que não se veja com menosprezo esse aborto de política ambientalista, que desmerece a postura de defesa do Meio Ambiente, que é decorrência da gestão de Marina Silva e de outros defensores não só da Amazônia - que é a jóia da Coroa -mas também da Mata Atlântica, quanto do Cerrado, e de outros espaços que têm motivado a então respeitada posição brasileira em termos de meio ambiente, em que o Brasil sempre defendeu as boas campanhas, muitas delas que constituiram a substância da posição brasileira nesse muito importante campo de defesa da salubridade e preservação de áreas em que deveremos viver, e da precedência do Meio Ambiente, como uma regra a ser respeitada de forma continuada e, se possível, imutável, dentro do espírito de Acordos que pautaram a nossa Democracia, e que no futuro estão fadados a permanecer como expressão da inteligência e do bom senso que hão de prevalecer sobre as políticas inconfessáveis, de fôlego curto e de pensamento raso, que não condizem com a nossa diplomacia presente. (a continuar)
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