terça-feira, 6 de outubro de 2020
Grandes Bancos: risco de crise fiscal
Relatórios de grandes bancos alertam para a eventual iminência de uma crise fiscal, diante da falta do Governo e do Congresso em responderem ao risco representado pelo crescimento acelerado da Dívida Pública. Tal avaliação começou a ser retratada, com mais força nos últimos dias, tanto por economistas, quanto por relatórios de grandes bancos nacionais e estrangeiros. Começa, nesse contexto, segundo observações de economistas, quanto de relatórios de banco tanto nacionais, quanto estrangeiros, que dizem com ênfase crescente que adentrou o radar a eventual possibilidade de uma séria crise que envolva a capacidade do Governo Bolsonaro de se financiar.
O sinal vermelho de uma certa forma adensou-se com o impasse em torno do financiamento do Renda Cidadã, ideado para substituir o Bolsa Família. O que tende a complicar a coisa é que essa eventual substituição do Bolsa Família tem alcance e valor médio bastante maiores do que o programa social criado na gestão petista para um núcleo de potencial menor que o Bolsa Família.
A tensão no mercado se adensou com o impasse em torno do financimento do Renda Cidadã, um eventual êmulo do Bolsa Família, mas com alcance e valor médio maiores do que o programa social criado por LulA DA Silva. O sinal vermelho surgiu com o racha no governo Bolsonaro sobre a pretensa flexibilização do teto de gastos ( regra que proibe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação ), para tornar factível a acomodação entre vinte bilhões de reais e trinta e cinco bilhões, em novas despesas.
Segundo relatório de Banco alemão - o Deutsche Bank - a falta de comprometimento com a contenção de gastos estaria empurrando o Brasil para um "abismo fiscal" (falta de fundos não-inflacionários para atender aos compromissos da dívida). Em finanças libertas de comprometimentos inflacionários não há milagres fiscais...
Estrategista-chefe para oS PAÍSEs EMERGENTES do Deutsche Bank, Drausio Giacomelli compara o quadro atual da economia a uma "ladeira". Dessarte, na presente situação "não se pisa no acelerador". Nesse contexto, o que tem aumentado a preocupação dos bancos é a indicação dada pelo presidente Bolsonaro de que deseja gastar mais em políticas de assistência sem fazer uma revisão nos gastos correntes considerados ineficientes.
Em um tal contexto, o Itaú Unibanco estima elevação de despesas sociais do Bolsa Família de R$ 33 bilhões para 66 bilhões, o que poderá levar a gastos acima do teto em R$ 20 bilhões em 2021. Tudo isso não passa do resultado muito promissor para Bolsonaro da contribuição estatal para os pobres no Nordeste, o que teve efeitos multiplicativos em termos de popularidade para Bolsonaro naquela região chave para a sua reeleição. O chamado "efeito Lula" ora se volta para o seu êmulo Presidente Bolsonaro, que logo ganhou apelidos favoráveis e perspectivas alvissareiras para o próximo pleito, em que pretende, ao que se comenta, disputar a reeleição.
Habituados às perspectivas inflacionárias do mercado, os representantes dos bancos estão compreensivelmente nervosos diante das eventuais perspectivas, em uma economia em que a crise fiscal não é um espantalho de conveniência, sendo bastante possível, tanto pelo caráter rozzo em termos econômicos do Palácio do Planalto, a suposta fraqueza política do Ministro da Economia Guedes, diante das contestações apresentadas pelo Presidente Maia da Câmara de Deputados, e do discurso político de outros líderes políticos próximos a Bolsonaro.
À medida que a eleição avulta no horizonte, a inventiva de uns, as longas amizades de outros, e o bom senso da turma que se preocupa em calcular não sobre o imediato, mas também pensar um pouco mais (inclusive nas perspectivas inflacionárias de um país que já comeu em dietaa piores ), tudo isso afinal configura - para expressar-s no idioma adequado - em um prato que pode ser apetitoso, embora a sua digestão tenda eventualmente a apresentar problemas gástricos, para quem não souber mensurar as cautelas respectivas, dados os desafios que pairam sobre o caminho (sem falar nas durrondianas pedras)...
( Fonte: O Estado de S, Paulo ).
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