Segundo noticia O Estado de S. Paulo, a Polícia Militar do Distrito Federal e indígenas entraram em confronto em 22 de junho, em Brasília, durante uma manifestação contra um projeto de lei analisado pela Câmara, que dificulta a demarcação de terras dos povos nativos (aqueles que já estavam no que seria o Brasil, antes da sua descoberta por Cabral).
A vida de nossos indígenas parece ter ficado mais difícil na administração do presidente Bolsonaro. Com efeito, provoca a reação contrária de setores da sociedade civil que defendem os direitos dos indígenas, que é acirrada pela postura pouca simpática e mesmo negativa no que tange aos povos indígenas de parte do governo bolsonarista.
Única indígena na Câmara (!) - o que já é marca de óbvio retrocesso e de falta de condições positivas no Congresso de uma adequada proteção a nossa comunidade indígena - a deputada Joenia Wapichana (Rede-AP) integra a mobilização contra tal iniciativa: "Chega de retrocessos! Diga não ao PL, que quer acabar com as terras indígenas do Brasil", escreveu Joenia nas redes sociais.
Por sua vez, o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ) igualmente tem articulado para impedir a votação do texto. "Na prática, o projeto acaba com a demarcação de terras indígenas, favorecendo o garimpo ilegal", afirmou Molon no Twitter.
Nesse contexto, em discurso após o protesto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) criticou o protesto. "Não acho que seja coerente por parte de qualquer parlamentar ou de qualquer cidadão impedir trabalhos e pautas legislativas dessa Casa. Sejam elas nas comissões, como é o caso do PL 490 que está longe de vir a plenário, ou de qualquer assunto de qualquer comissão", declarou Lira. Ainda nesse contexto Lira disse : "Essa Casa precisa ter coragem e debater sobre o tema de exploração de terra indígena. Não é possível que vamos ficar de olhos fechados quanto a isso."
E acrescentou o Presidente da Câmara: "Essa Casa precisa ter coragem e debater sobre o tema de exploração da terra indígena. Na terra da deputada Joênia, o governador me relatava que entre cem e duzentos quilos de ouro saem ilegais dos garimpos de terra indígena por dia. A gente tem de ficar de olho, Isso vai continuar acontecendo, se nós não legislarmos."
Com efeito, um estudo divulgado pelo Instituto Igarapé em abril mostra os impactos negativos da mineração ilegal do ouro na Amazônia, seja nas populações indígenas, seja na floresta. É muito comum, quase rotineira que tal invasão das terras indígenas, valendo-se da fraqueza e falta de condições para reagir de nossos indígenas contra a irrupção do garimpo ilegal. Nesse contexto, segundo tal levantamento feito pelo Instituto Igarapé, há 321 minas ilegais nos nove Estados da Bacia Amazônica brasileira, a estimativa é que hoje essa indústria renda vinte e oito bilhões de dólares por ano.
O nosso indígena carece de proteção e não merece decerto que a sua condição de óbvia fraqueza seja um instrumento na prática para um claro e descarado abuso do crime, seja ele organizado ou não. É mais do que tempo de pôr um fim a esse garimpo ilegal, que avança nas sombras com desfaçatez criminosa de poderes omissos que se prevalecem da fraqueza de nossas indígenas, o que grita aos céus não podem ser abandonados à própria sorte.
Será que o exemplo de Rondon e de tantos outros bravos, nossos antepassados, que defenderam as comunidades indígenas - que devem ser não só protegidas mas também respeitadas - virou, para vergonha do Povo brasileiro, coisa do passado ?
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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