Afinal, após dois anos e meio no cargo - o que deixa uma senhora sequela em termos de abatimento da floresta amazônica - Ricardo Salles deixou ontem, 23 de junho, o comando da pasta. Entrosado com o Presidente Jair Bolsonaro, ele não resistiu ao desgaste provocado pelas suspeitas de envolvimento em um mega-esquema ilegal de retirada e venda de madeira. A saída do Ministro foi anunciada também ontem, pelo D.O.
A situação de Salles se tornara insustentável por causa da cascata de inquéritos. Por isso, novas investigações contra ele poderiam ser autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal, o que tornava irreversível o desgaste de sua eventual permanência no cargo, ainda que representasse alguém bastante próximo do Presidente Bolsonaro.
A sustentabilidade política do Ministro do Meio Ambiente se tornara mais do que ques- tionável, e por isso, com um senhor desgaste, ao cabo de mais de uma crise, e apesar da ligação muito forte com o Presidente, ele próprio reconhecera que o desgaste no cargo era irreversível, como chegou a admiti-lo, em anúncio no Palácio do Planalto.
Para tornar tudo isso mais compreensível, peço licença à Eliane Cantanhêde, para servir-me de sinalizações relevantes de sua coluna no Estadão, em "Ministro corre da polícia": "Queridinho do presidente Jair Bolsonaro, mas alvo de inquéritos e investigações em São Paulo, e em Brasília, o polêmico Ricardo Salles, o "ministro da boiada", caíu num momento em que o S.T.F. aperta o torniquete contra ele e que a CPI da Covid acua o próprio Bolsonaro por causa da explosiva compra da vacina Covaxin. O script da demissão "a pedido" de Salles - que nestes dois anos e meio foi mero executor da política criminosa de Bolsonaro para o meio ambiente - não é novidade no atual governo. O ministro entra na mira da Justiça e da mídia, passa a ser elogiado e a participar de atos com o presidente e, quando todo mundo está distraído em outras frentes, finalmente cai.
" Na lista de alvos, destacam-se três que, como o próprio Salles, exercitaram bravamente a máxima do "um manda, o outro obedece": Abraham Weintraub (Educação), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e o general da ativa Eduardo Pazzuelo (Saúde). Todos perderam seus cargos, mas levando troféus para pendurar na parede: as fotos da véspera, sorridentes, com o presidente amigão.
" Em comum também, o fato de que todos eram as pessoas erradas, no lugar errado, na hora errada. Weintraub entendia de brigas e armas, nada de educação. Araújo destruíu a política externa e a imagem do Brasil no mundo desenvolvido. Pazzuelo jamais tinha visto uma curva epidemiológica e nem sequer sabia o que era o SUS. E o que dizer de Salles, um ministro do Meio Ambiente que jamais pusera os pés na Amazônia? Ele não entendia nada da área e ao contrário, sempre fez o jogo de madeireiros ilegais e de destruidores do ambiente e da própria Amazônia, enquanto agia ativamente contra os biomas, o Ibama e o ICMBio."
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
Um comentário:
Arrasou!!!! Parabéns.
Postar um comentário