domingo, 20 de junho de 2021

As Quinhentas Mil Mortes

        É um tema difícil como se verifica pela leitura dos grandes jornais, supostos formadores de opinião. Essa dificuldade objetiva já se sente ao ler-se as opiniões de três grandes veículos de opinião, v.g.  Folha de S. Paulo, O GloboO Estado de S. Paulo.

         Dessarte, a Folha assevera na sua primeira página da edição hodierna :  "Quase 16 meses após o registro do primeiro caso no país, o Brasil chegou neste sábado 19 à marca de meio milhão de mortes pela Covid, saldo absoluto até hoje só atingido pelos Estados Unidos, com população cerca de 50% maior, e acima de qualquer outra tragédia nacional.  Com a campanha de vacinação ainda lenta - pouco mais de 15% dos adultos tomaram as duas doses necessárias de imunizante - e um governo que negligencia medidas de contenção, não é possível dizer quantos ainda irão morrer."

           Já O Globo assim se manifesta: " Em um sábado de manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro, o Brasil tornou-se ontem o segundo país a registrar quinhentos mil mortos  por Covid-19. A trágica marca  poderia ter sido evitada se o enfrentamento da pandemia tivesse sido feito com mais rigor e critérios científicos, avaliam especialistas.  Com diversas vacinas já disponíveis no mundo, o país só imunizou completamente (com duas doses) 11,5% da população, contra patamar mínimo necessário de 70% necessário para começar a frear a transmissão  do vírus.  A vacinação, iniciada em janeiro, mesmo a passos lentos evitou que a perda de vidas fosse maior, como mostram os depoimentos dos enfer-meiros Bruno Barbosa e Rayssa Martins  e do servidor Marcos Vinicius Bolpato, que, segundo seus médicos só sobreviveram ao coronavirus por estarem  imunizados. Apesar disso, em vez de correr atrás de vacinas, o governo federal empenhou esforços  em favor da cloroquina: levantamento do GLOBO com base em telegramas  obtidos pela CPI da Covid no Senado revela que o Itamaraty atuou pelo menos 84 vezes no exterior para garantir o abastecimento do medicamento, de ineficácia comprovada. Com cartazes de luto pelo meio milhão de vidas perdidas no Brasil, protestos ontem nos 26 estados, no DF e em cidades no exterior cobraram a aquisição de mais vacinas, a extensão  do auxílio emergencial e a saída de Bolsonaro da Presidência. O presidente não se pronunciou."

           Por fim, O Estado de S. Paulo, assim  se expressou, também em primeira página: "O Brasil chegou ontem a 500.868 mortos por Covid-19. Com a vacinação lenta, baixa adesão ao isolamento social e sem política nacional de testagem em massa, também é o país com o maior número de óbitos pela doença em 2021. Pela primeira vez desde o início da pande-mia, a maioria dos novos óbitos registrados em território brasileiro em junho não foi de ido- sos. Apesar de alguns governadores projetarem vacinar toda a população  de seus Estados com pelo menos uma dose até o fim de agosto, a incerteza na entrega de vacinas e o surgi- mento de novas variantes tornam o futuro da epidemia incerto no Pais.  O distanciamento social é um dos pilares do controle do coronavírus, mas o Brasil nunca conseguiu, de fato, implementar essa medida. Especialistas ressaltam que o País também deveria ter apostado em um política de testagem em massa, o que não ocorreu. Falharam também campanhas de conscientização sobre a doença. Resta, portanto, esperar que as promessas de vacinação se cumpram. Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, lamentou nas redes sociais as "500 mil  vidas perdidas pela pandemia que afeta o Brasil e o mundo".

          Nesse contexto, é importante ter presente a sinalização do Estadão quanto ao fato de que a maioria de óbitos já é no grupo  de menos de sessenta anos: "Dados tabulados pelo Estadão no sistema do Ministério da Saúde que registra internações e óbitos  por covid mos- tram que 54,4% dos mortos em junho tinham menos de 60 anos.  Em maio, eram 44,6%, nos meses de 2020, abaixo dos 30%. A estratégia  de imunização explica parte do fenômeno, mas o desrespeito a medidas de proteção por parte dos jovens e a disseminação de novas cepas também têm peso."                                         

                                                                                                    (a continuar)




Nenhum comentário: