quarta-feira, 2 de junho de 2021

A Radicalização das Polícias

         Só pode ser vista com muita preocupação a radicalização das Polícias Militares, que tendem a reagir com maior rigor e mesmo excessos desproporcionais, aos eventuais atos políticos contrários ao atual presidente,  que venham a ser realizados pelo Povo brasileiro. 

           Artigo publicado pelo Estadão sob o título " Ação no Recife expõe risco de radicalização nas PMs." Com efeito,  a ação de p.ms. de Pernambuco, com violenta repressão a manifestantes pacíficos contrários ao presidente Jair Bolsonaro veio reabrir a discussão sobre a referida radicalização política nas PMs. Nesse contexto, há um elemento importante, que seria a tendência observada por especialistas em segurança pública. Em tela, é séria agravante  na radicalização das PMs, que se acha na atuação dos chamados "lobos solitários" nessas corporações em nosso país. Assinalada pela imprensa e em parti-cular pelo "Estado de S. Paulo", a intervenção desses lobos solitários  ganha repercussão nessas corporações no país.  Em tal contexto, desde janeiro de 2020  repercutiram nacional-mente pelo menos em quinze episódios em que policiais foram acusados de agirem influen-ciados de forma político-partidária contra eventuais opositores do governo.

         Como se verifica, o episódio de ontem, primeiro de junho, no Recife, configura esta grave  deturpação. Com efeito, recorrer à bala de borracha que, embora qualificada de operação não-letal, se desvirtuada, pode incorrer em sério risco para os manifestantes, como foi exatamente o caso. Como assinala Roberto Romano "No Recife, duas pessoas perderam a vista porque a Polícia Militar se julga superior aos dirigentes civis do Estado." 

           Era uma manifestação pacífica, em que, sem embargo, os policiais recorreram às balas de borracha que, embora seja munição não-letal, se apontada para o olho pode cegar uma pessoa. No caso em tela, "foram duas pessoas que perderam a vista porque a Polícia Militar se julga superior aos dirigentes civis do Estado", como assinala a análise de Roberto Romano. A hiper-crueldade - mirar a manifestante em passeata que não configura, pelo próprio caráter pacífico e democrático do evento  qualquer ameaça - é uma séria deturpação  das  eventuais prerrogativas do alegado cuidado ao respeito devido às autoridades que se crêem envolvidas pela manifestação em tela. As balas de borracha, definidas como munição não-letal, podem constituir como o foram no caso em utilização cruel desse suposto meio que não tem nada de anódino.

             Diante de tal exemplo, me parece cogente que posto diante dessa  extrapolação e crueldade,  todo o cidadão encontra razões sólidas para precaver-se contra tais abusos. Ou não vivemos em uma democracia,  eis que participar de manifestações pacíficas é desvir-tuado a ponto de implicar o risco de ser vítima de um tal achincalhe,  que na verdade veste os policiais com cruel e inadmissível arbítrio, que protegidos pela hipocrisia (no caso) da utilização de uma arma dita como não letal, chega ao cúmulo do achincalhe ao roubar alguém daquilo que ele tem de mais precioso, que é a própria visão.

                  Cabe, portanto, assinalar, como assinala Roberto Romano, que "No Recife, duas pessoas perderam a vista porque a Polícia Militar se julga superior aos dirigentes civis  do Estado".  E todos nós que não nascemos ontem sabemos o que significa cegar alguém em um de seus olhos, que é  ato de indizível crueldade,   por todas as incômodas e infindas limitações que são por ele causadas.  


(Fontes:  O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo)

Nenhum comentário: