segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Eleição americana: Biden vs. Trump
O embate entre Joe Biden e o atual presidente Donald Trump constitui uma daquelas disputas eleitorais que podem marcar uma geração, dada a relevância das questões envolvidas. Não poderia haver maior diferença entre o expoente democrata Biden - e ex-Vice Presidente de Barack Obama - e o atual presidente Trump, um dos chefes de governo mais canhestros nos EUA, e cujo pouco apreço à ética e ao bom governo fomentou uma virtual dissidência no GOP, chegando ao ponto de que Trump passou a contar com uma vigilante oposição virtual dentro de seu próprio partido, e tal falta de apoio se deve à discordância quanto aos 'valores éticos' do atual morador da Casa Branca.
Dada a sua falta de qualidades éticas, e aos procedimentos por ele empregados, muitos expoentes do GOP passaram a votar-lhe uma oposição continuada, motivada não por questões de partido, mas por motivações éticas e de princípio. No clima bipartidário que caracteriza os Estados Unidos, a existência de tais dissidências - causadas mais por razões éticas e de princípio - representa um fenômeno bastante raro, que de uma certa maneira traça um perfil pouco lisongeiro do atual presidente, na medida em que seu comportamento contribua para esse comportamento raríssimo, em que os seus característicos morais, éticos e o conjunto da respectiva personalidade venha a contribuir para que seguidores da cartilha republicana se sintam ética e moralmente incapacitados de apoiar um candidato saído das próprias fileiras do GOP, e tal sobretudo menos pela personalidade do que por suas características éticas e de temperamento, que o inviabilizam, na prática, a se ver apoiado por seguidores do mesmo partido, e tal por questoes de princípio e de ética política !
Uma grande maioria do eleitorado já votou - o sufrágio é depositado nos Correios - mas como o dia da eleição será amanhã, três de novembro (se não me engano) - há uma grande expectativa nos States (e no mundo), dada a relevância das questões envolvidas e, last but not least, pelas características desse processo americano, que ainda segue regras de fins do século XVII.
Essa grande democracia terá forçosamente um dia de adaptar-se aos ditames do progresso. Condições especiais levaram os formuladores da Constituição Americana a esse sistema indireto - que podia ser um grande achado diante das enormes distâncias então enfrentadas pela jovem democracia estadunidense, mas que hoje representam um estorvo nos séculos da pós-modernidade, e que se prestam - e por vezes até amiúde - a favorecer os representantes de um partido - o Republicano - que teve diversos de seus candidatos eleitos à Presidência apesar de disporem de menor número de votos. O atual - o histriônico Trump - teve menos milhões de votos que a candidata Hillary Clinton, mas tal não o impediu de coletar os votos eleitorais necessários para tornar-se presidente, para vergonha da América.
O desgoverno de Trump - que foi contestado por diversas razões e processos democráticos, como investigações extensas e até um impeachment pela Câmara de Representantes, de cujas consequências Trump só escapou porque os republicanos têm maioria no Senado. É esta maioria que, por ora, salvaguarda o Grand Old Party, mas que como toda instituição que leva a "eleições" pela Corte Suprema, como foi a "Nomeação" de Bush Jr., apesar de candidato minoritário, e que contribuiria em seguida para a desastrosa guerra do Iraque, que acarretou ao Tesouro americano prejuizo de bilhões e bilhões de dólares.
Contra esse pouco encorajador fundo de quadro, esperemos que o candidato Donald Trump contribua pelos seus próprios defeitos para que a eleição de Joe Biden venha a ser selada pelo Povo Americano, vencidas as dificuldades que são criadas por esse processo artificial e setecentesco, que enseja o desvirtuamento do sufrágio popular.
( Fontes: O Globo, media estadunidense, e acompanhamento da política norte-americana )
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