Embora não tenha procuração para defender o meu amigo Samuel, não convivo bem com a injustiça. Calar-me quando a injustiça acredita valer-se de suposta oportunidade para uma vez mais tentar golpeá-lo seria para mim mais do que desconfortável. De resto, o anexim latino já associa o silêncio à aprovação.
Se não tenho dúvidas de que o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães não carece de defensores, agrego de muito bom grado a minha palavra de antigo diplomata e velho companheiro àqueles a que há de incomodar mais esta cabeça levantada de uma direita incansável na tenaz perseguição dos próprios inconfessáveis objetivos.
Desde a sua assunção da Secretaria-Geral do Itamaraty nos albores do primeiro mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Embaixador Samuel vem sendo ‘distinguido’ pelos ataques de certa imprensa. E, conquanto obviamente não a declinem, a motivação das criticas e das invectivas está nas suas qualidades e na sua experiência.
Ao defender o interesse do Brasil – e como a construção da Alca resistiria à análise experta e desapaixonada ? – a sua presença tem desagradado a alguns grupos. Malogrados no intento de afastá-lo nos princípios da chefia da Casa – é esta a designação dada ao substituto do Ministro das Relações Exteriores – eis que tal sanha pensa entrever no calendário a oportunidade há tanto perseguida.
A colunista da Folha, ao versar sobre “o futuro do Samuel”, aí costura algumas imprecisões que me obrigam a preencher tais lacunas para evitar-lhes a eventual repetição no futuro. Samuel Pinheiro Guimarães não foi o primeiro a ocupar a Secretaria-Geral sem o exercício prévio da comissão de Embaixador. Dentre os seus relativamente próximos antecessores, outro colega foi distinguido com tal precedente. E o seu desempenho, seja no Itamaraty, seja em alto cargo em organização internacional, demonstraria que igualmente no seu caso bem fez o Ministro de Estado em submeter-lhe o nome à chancela presidencial.
A par disso, a menção da saudosa Susan me parece tão gratuita quanto inadequada. Conquanto a sua nacionalidade jamais lhe tenha toldado o juízo na defesa das boas causas brasileiras, quando se deu o “enterro da Alca” – que órfã dos apoios pregressos definhou rapidamente - tampouco Susan estava entre nós.
Samuel é um grande funcionário do Itamaraty. Não é escudeiro de ninguém, nem moço de recados. O seu recado, ele sempre soube dá-lo, com estudo, experiência, autoridade e profissionalismo. É isso que desagrada sobremodo à direita e a todos aqueles que se acreditam seus porta-vozes.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
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