Outra viagem transatlântica dos fautores do Novo Acordo Ortográfico (Contd.)
Devo aos caros leitores uma precisão. Noticiara que o Presidente da Academia Brasileira de Letras se encarregara de levar exemplar do Novo Acordo Ortográfico publicado no Brasil ao seu homólogo acadêmico lisboeta. Na verdade, a coluna cometeu um erro, eis que deixou de assinalar haver sido Cícero Sandroni acompanhado na sua viagem transatlântica por mais outros ilustres imortais, de que foram reconhecidos o Primeiro Secretário Alberto da Costa e Silva e o Presidente da Comissão de Lexicologia e Lexicografia, Evanildo Cavalcante Bechara.
Apesar de o clima em Portugal não semelhar tão favorável ao Novo Acordo, quanto o demonstrado pela diligência da parte brasileira, a delegação foi recebida pelo Chefe de Estado, e teve prometida para breve a aprovação pelo Governo português da entrada em vigor do Acordo em terra lusitana.
Talvez pensando dar mais peso à aprovação, o governo luso terá acertado a entrada em vigor também em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Mais do que lamentável é realmente constrangedor todo o modus faciendi que caracterizou a produção desta dita reforma ortográfica. Será difícil encontrar acordo tão inútil e de espírito tão subdesenvolvido quanto o que foi aprovado pelo Brasil, pelo empenho dos acadêmicos e a benigna negligência oficial. Na sua suposta coroação na velha mãe pátria, manifesta o mesmo ranço que lhe presidiu a elaboração e a pressurosa ratificação.
Construção pelo Governo do Estado de muros em favelas da Zona Sul
Há alguns dias foi anunciada pelo Governo do Estado a construção de muros em favelas da Zona Sul. Serão onze km de muros para proteger as matas da Zona Sul do Rio de Janeiro da expansão das favelas.
A favela do Morro Dona Marta, em Botafogo, de que foram há meses afastados os traficantes, e que dispõe de policiamento, já tem prontos 55 dos cerca de mil metros previstos de muro. Por sua vez, a Rocinha terá muro de 2.800 m de extensão.
As demais favelas em que tais barreiras serão construídas são Benjamin Constant, na Urca, Parque da Cidade, na Gávea, Morro dos Cabritos e Tabajaras, em Copacabana, Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme, Cantagalo e Pavão-Pavãozinho (Copacabana e Ipanema), e Vidigal (Leblon Niemeyer).
Segundo comunicado, os muros em apreço, de concreto e com três metros de altura, terão concluída a construção ainda no correr do presente ano.
Depois da inexplicável inação do Prefeito Cesar Maia, em que o Rio de Janeiro assistiu ao crescimento desordenado dessas comunidades, nas áreas as mais diversas (áreas lacustres, encostas, zonas de mata atlântica remanescente, e até parques públicos como o Parque da Cidade) o Governo do Estado, em cooperação com o novo Prefeito Eduardo Paes intentará circunscrever por meio de muros as invasões e os assentamentos ilegais.
Os precedentes históricos não são decerto muito alentadores. Desde o império romano, já na fase de decadência, passando pelo chinês, com a famosa Muralha, a construção de maior extensão e de que até hoje existe a preservação arqueológica de inúmeros largos trechos, e sem falar do Muro de Berlim, se chega ao sombrio Muro israelense que invade e desarticula os territórios palestinos - todos eles padecem de um vício básico, que se funda na ilusão de que o estático, inda que imponente, possa deter por muito tempo a dinâmica da História.
Não obstante a qualificação, como no largo prazo o nosso destino seja conhecido, a eventual serventia do presente modesto muro reside essencialmente no espaço de tempo em que se logrará evitar o avanço desfigurante e, por vezes, devastador da pobreza.
A diplomacia petrolífera de Chávez e os percalços da Petrocaribe.
A atual situação do mercado petrolífero, agravada pela crise financeira internacional, se apresenta deveras preocupante para o caudilho Hugo Chávez. Fundada na virtual monocultura venezuelana do petróleo, e arrimo exclusivo para suas pretensões de influência crescente na América Latina, a sua política externa, ou diplomacia do petróleo, padece de escassez de recursos.
Representando 94% das exportações da Venezuela – e contribuindo para subsidiar não só programas externos, como a Petrocaribe, senão ações internas de subvenção às classes de baixa renda (a base do chamado chavismo) – compreende-se facilmente o desafio colocado para o homem forte de Caracas pela derrubada da estratosférica cotação do barril de US$150.00 para os US$ 46.00 do presente.
Esta perda de mais de cem dólares por barril de petróleo, conjugada com a queda na produção nas refinarias da PDVSA (resultante dos estragos das manipulações políticas de Chávez nos técnicos desta megaestatal) vem esvaziando os munificentes cofres da cornucópia do discípulo de Fidel Castro. Estão afetados os programas da Petrocaribe – acordo de venda financiada de petróleo lançado em 2005 - de que dezessete países fazem parte.
A principal beneficiária é Cuba, recebendo 92 mil barris/dia. A Venezuela aceita o pagamento em serviços médicos e de educação. Pelo enxugamento das reservas, diversos projetos estão sendo postergados – como a ampliação de refinarias em Cienfuegos e em Santiago de Cuba -, fenômeno aliás que tem afetado a todos os previstos empreendimentos de Chávez, inclusive aqueles que nada têm a ver com essa diplomacia concessiva do petróleo, como, v.g., a participação venezuelana em empresa em construção pela Petrobrás no Nordeste do Brasil. Até o momento nenhum dólar ( ou bolívar ) foi investido na obra por Caracas.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
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