No blog de hoje reporto-me, incidentalmente, à escola pública e às dificuldades que encontra. O Ministro Fernando Haddad, da Educação, em conferência de imprensa, assinalou que a disparidade nos gastos explica o mau desempenho da escola pública estadual no Enem. Segundo o Ministro, o aluno da rede pública custa, anualmente, o mesmo que uma só mensalidade de uma escola particular.
Haddad afirmou que o valor por aluno investido pelos estados continua “absolutamente insuficiente”, apesar de haver crescido 50% acima da inflação, entre 2002 e 2007. A mensalidade do São Bento, o colégio do Rio de Janeiro e primeiro colocado no Enem, equivale praticamente a todo gasto anual por aluno no Estado do Rio.
O Governador do Piauí, Wellington Dias, reclamou que falta dinheiro para melhorar o ensino. Lembrou a respeito que as escolas federais fazem vestibulinhos para selecionar os alunos, o que não ocorre na rede pública convencional : ‘Somos obrigados a receber todos os alunos’.
A escola pública, pela penúria das dotações que lhe são atribuídas, e pelas difíceis condições de certos meios, tem muita vez de lidar com desafios que são muito superiores àqueles de escolas privadas.
Dentro da escassez de meios e instrumentos disponíveis, fará a diferença para o estabelecimento público de ensino não só a qualidade da liderança e a disposição de sua diretora, mas também o empenho e a inventiva dos seus mestres.
Em salas amiúde de condições materiais pouco satisfatórias, a professora não raro representa pela sua inteligência, dedicação à classe, capacidade de incentivar os alunos a um maior companheirismo e mais intensa participação fator virtuoso e imponderável, a tranformar a rotina despersonalizada em uma experiência teórica e prática dos diferentes temas do currículo.
Esse aporte pessoal e intransferível – que é somente possível graças à especial vocação da professora – não constitui decerto um fenômeno comum, na medida em que a excelência tampouco o é.
No entanto, tal presença, sem embargo das carências acima referidas, tem um valor multiplicador que pode catalizar a turma, suprindo e mesmo superando desta forma inúmeros óbices colocados pelas deficiências dos estabelecimentos do setor público.
Tenha-se presente, portanto, o quanto progrediria o nosso público discente se o plantel docente das escolas recebesse o apoio material e o justo pagamento que é destinado a seus congêneres em outros países ?
A recuperação da escola pública não é providência acessória, a colher referências incidentais. O seu restabelecimento em níveis anteriores é medida indispensável, e a valer uma prioridade séria e inadiável.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
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