Novo Acordo Ortográfico continua a promover viagens transatlânticas
Embora as más línguas propalem que a recepção do novo Acordo Ortográfico não está sendo muito boa em Portugal, esta coluna tem o prazer de levar ao conhecimento de seus leitores que o intercâmbio acadêmico luso-brasileiro continua de vento em popa. Agora a notícia é que o ilustríssimo Senhor Cícero Sandroni, Presidente da Academia Brasileira de Letras, se encarrega de relevante missão: irá a Lisboa para entregar com a solenidade devida um exemplar do Novo Vocabulário Ortográfico ao seu homólogo da Academia Portuguesa de Letras !
Não é comovente ? Se persistem as (incompreensíveis) dúvidas quanto à oportunidade e a pertinência do novíssimo Acordo Ortográfico, não cabe decerto escatimar louvaminhas à inegável capacidade do relevante instrumento em estimular os contatos, colóquios e convescotes transatlânticos.
Como se vê, bem obraram os nossos provectos acadêmicos ao conjuminarem a discussão, negociação e, enfim, a aprovação da nova ortografia, cuja necessidade - é de esperar-se - algum dia possa até vir a ser aclamada, não por um grupelho mas por toda a comunidade luso-brasileira ! A esse propósito, a velhinha de Taubaté já expressou a sua integral concordância.
O Meio Ambiente entre a perplexidade e a descrença
O Senhor Carlos Minc, o homem dos coletes, indicação do Governador Sérgio Cabral, não se vem assinalando por grandes realizações neste ministério outrora ocupado por Marina Silva, Senadora pelo Estado do Acre. Com todo o seu peso e autenticidade, Marina Silva, após seis longos anos, saíu por própria vontade do ministério. Discreta como sempre, preferiu fazê-lo quase em surdina, não desejando decerto criar dificuldades excessivas para o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Disse revista estrangeira que o Brasil é país de muitas leis, embora inúmeras não sejam cumpridas. Será sem dúvida outra manifestação de crassa incompreensão alienígena diante da realidade nacional. Se desde o império surgiu a expressão “para inglês ver” (a superpotência da época), será isso motivo para que se preste atenção à palavra e ao discurso, e se ignore a práxis e a realidade, por vezes embaraçante ?
A despeito das declarações do Presidente Lula – que manifesta louvável apoio retórico à causa ecológica -, gostaria de entender por que os desmatadores prosseguem na sua faina, seja no Pará, seja no Mato Grosso (os campeões na destruição na floresta) e todas as eventuais punições aos infratores têm ritualmente a aplicação adiada por mais um ano?
Outro aspecto interessante é que o Ministério do Meio Ambiente pensa colocar um viés positivo ao próprio malogro na luta contra o deflorestamento ao apresentar como vitórias que o ritmo da destruição – que se afigura inexorável – haja apresentado em determinado período tal e tal redução ? Esses comunicados que me relembram aqueles do Alto Comando da Wehrmacht, quando o exército vermelho forçava a retirada das hostes nazistas, e a solução encontrada pelo estado-maior alemão estava em ligeiras mudanças na redação – assim, v.g. os combates se realizavam não mais na Criméia, mas nas suas cercanias... O único problema deste approach é que, em nosso caso, será a turma do bem que bate em retirada.
Mas, sem dúvida, será pessimismo de minha parte em apresentar dessa forma a atuação do Ministro Minc e de seu ministério. Não faz muito os jornais estamparam o abraço dos sorridentes Governador Blairo Maggi e do Ministro Carlos Minc. Terá o governador do Mato Grosso, o homem da soja, entrevisto a luz e se convencido afinal com a justeza das propostas do sucessor de Marina Silva ?
quinta-feira, 9 de abril de 2009
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