segunda-feira, 26 de abril de 2021

O que é a verdade ?

           A verdade não se vende na loja da esquina, nem ela pode ser ajeitada à vontade do freguês.  O jornal  O  Globo nos informa que, preocupada com os estragos que a CPI da Covid possa causar ao Governo de ultradireita de Jair Bolsonaro, a Casa Civil monta um comitê interministerial para vasculhar documentos, construir argumentos e treinar depoentes.

           Já a principal dessas testemunhas deverá ser o general da reserva do material do Exército, o  general Eduardo Pazuello, ex-ministro  da Saúde (?) e um dos alvos centrais da investigação.

             Não há dúvidas que o Planalto tenha fundadas razões e temores na ínsita fraqueza que se acha nessa frontal testemunha, dada a possibilidade que ele se veja desestabilizado diante dos parlamentares, em face do tamanho e das implicações de tão portentosa ameaça.

             Para o Governo Bolsonaro, o tempo é de montar comitês interministeriais ad hoc, tentar  construir argumentos verossímeis e treinar eventuais depoentes. É não-invejável tarefa, porque a sua declinação, queira-se ou não, parece ter a ver com a montagem de supostas verdades palatáveis, para atender a fins específicos, que não têm necessariamente a ver com a sua eventual conformidade com a realidade dos fatos.

             O porvir - já dizem os sábios - a Deus pertence, mas a Verdade é um dado por demais precioso para que a deixemos à disposição de malfeitores e de gente que está interessada em transformá-la em mercadoria virtual, como se ela estivera à disposição dos negociantes do ramo e não daqueles que a querem ter como pedra básica da construção da História do Futuro. 

              A Verdade deve ser perseguida com pertinácia e não com maldade ou solércia, pois não é desejo das forças que, como aquele gigante, se alimentam das fontes autênticas, batizadas que são pelas substâncias únicas que as conformam, que lhe dão por dom divino, a característica de força, firmeza e convicção que está presente naqueles que perseguem a realidade, e com ela se confundem. Estórias da carochinha não são suscetíveis de plasmar uma nacionalidade.

                Por isso, por mais que alguém ouse afirmar que a covid dezenove é apenas uma gripezinha, esse alguém deve ter a hombridade de afirmá-lo a plenos pulmões e disso tirar as consequências e as devidas responsabilidades. Não somos uma nação de cretinos e não temos o hábito de dar o dito por não-dito. 

                 Vamos pôr o senhor Pazuello na caixinha da Saúde?  Benfeito, senhor mágico de Oz. Mas não venha depois a dizer-nos  que ele não poderia lá estar !  Se o senhor lá o colocou, se preferiu não exercer o seu direito de liderança - como de resto o fez desde a primeira hora - terá pensado haver tido bons motivos para assim agir.


.  Quem sou eu para julgá-lo ?  Embora a nacionalidade vá ainda se perguntar porquê Vossa Excelência preferiu declinar de direitos que lhe vinham naturalmente às mãos, e não imitou a ação de seus vizinhos? 

                  Ao demarcarem-se as fronteiras, Vossa Excelência preferiu não seguir o exemplo de seu colega portenho, e não fechou as nossas portas, quando a doença bateu em nossa casa, como também na terra argentina.  Ao contrário de seu colega de Buenos Aires,  preferiu não só manter as portas abertas, mas agir como se a ameaça da peste à nossa Terra fosse coisa de somenos! Cabe-me continuar a perguntar:  Por quê ?     

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